sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Tyranossaurios Rex - Espreitou

( Foto de minha autoria na minha aldeia - Moção)
*
Lá nas terras altas
À torreira do sol
Que desce sobre a encosta
Ouvem-se sons diversos
Melodias encantam as serranias
Ecos renascem nas pedrarias

Seguem-nos olhares perdidos
Escondidos na folhagem húmida circundante
Abundam espécies raras
E tresmalhadas
Retocam-se as cores matizadas
Sob a aragem suave agreste e adocicada
Das fontes de água cristalinas

sábado, 28 de novembro de 2009

Memórias

Caminho sem pressa, de chegar. Há sempre um outro que se desdobra e ao entar nele, outros sons, outros cheiros, se vão apresentando, como que a dizer, entra.

Talvez devesse mesmo voltar atrás. O sol já se pôs, lá em casa janta-se cedo e vou perder aquele rebuliço da aldeia dos fins de tarde; Os animais que regressam, as mulheres que vão preparar o caldo, com mais alguma coisa para aconhegar o estômago, as crianças que me olham sempre com aquele ar curioso, tal como eu fazia, sempre que chegava alguém da cidade. Tenho dias que os olhos bem de perto, e vejo-lhes no olhar aquele sol que só se consegue ver quando entramos bem fundo e visualizamos algo que brilha. Neste caso eles vêm de ajudar os pais, ou então de alguma brincadeira, mas que aqui neste lugar, tem sempre um cheiro a terra ou a urzes do monte. O gado vai andando por aqui e ali, e eles ainda crianças, vão arranjando algo para se entreterem.


Lembro-me tão bem desta cena há já tantos anos. Ficava encostada a um canto, sem nada dizer, mas observando os gestos, ouvindo com atenção as conversas e viajava por sitios que desconhecia, mas que sabia estaria próximo. Pois estava já mais que determinado que iria para Lisboa quando completasse a 4ª classe. Já lá tinha estado, mas não me dei nada bem lá. Voltei a pedido da minha avó Lívia que nos ajudou a nascer. Só nos tinha a nós. O meu avô emigrou para o Brasil e por lá ficou, morreu no ano que iria regressar. Netos, só eu e os meus dois irmãos Alberto e Herculano.
Existe por estes sítios uma magia que me prende, mas muitas vezes não sei explicar porque me detenho perante uma simples pedra mal arrumada no caminho. Lembro quase sempre nestas andanças, por estes lugares esquecidos, a minha avó, sempre que conduzia os carros carregados, ou de estrume para adubar as terras, ou de mato para cobrir o chão dos currais dos animais. Ela sempre preocupada com tudo o que os impedisse de poder subir as calçadas.

Porém, mas neste que agora estou, só há o canto dos pássaros, e alguns cucos que deslizam suvamente e muito alto por cima das copas dos pinheiros. Lanço um olhar breve sobre o céu que começa agora a mudar de cor, mas ainda não é desta que vou conseguir alcançar um cuco. Será mesmo melhor regressar à aldeia, e anhão quem sabe o que me espera.

Solidão

*
Seria eu um só rosto
de esperança
um só corpo
a desaguar nos teus olhos
se me visses agora
neste caminho
ao abandono
*
Na minha cidade
há rostos que se curvam
no pó dos caminhos
há bocas famintas
há braços caídos
há invernos tenebrosos
idosos encarcerados
e crianças em carreiros
mal amadas
abandonadas
*
Lá na minha aldeia
há um céu que brilha
há o cheiro a terra
há também a aragem suave
a erva que cresce
o rio que adormece
o alecrim do monte
a dor que se esquece
e mil e uma estrelas cadentes
*
Nesta nossa cidade
eu vejo olhos fechados
casas vazias
ruas enegrecidas
o Tejo que sempre apetece
enquanto olhares
esmorecem
num rio de saudade
*
Se eu fosse à minha cidade
e à minha aldeia
trocaria tudo
por um grão de areia
que voasse
que me libertasse
e que me fizesse sentir
que aqui e lá
o céu é da mesma cor
sempre que algo acontece
no meio da solidão

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Histórias....

Um fim de tarde, ou início da manhã. Todas as horas são horas para falar de tempos idos, de pessoas que deixaram as suas marcas nestes ermos distantes onde o vento faz eco, a chuva cai sobre os pinheiros, a terra ardente onde o sol se levanta e se põe sempre que nossos olhos se levantam à mesma hora. Este cheiro a terra, que nos lembra que ela é a nossa morada, aquela que nos acolheu. Homens e mulheres que, mesmo em idade avançada não deixam de pisar o chão que os viu nascer. Lembro da minha tia Carmo que fazia sempre gosto em ir pelos caminhos que mais acesso dão aos terrenos, em busca de um sol para o seu olhar. A terra agreste que a viu nascer e também morrer, era para ela a vida em plena comunhão com a natureza. Lembro de a ver parada a olhar o céu, e também o que está para além dele. Para ela, havia sempre um sol que nascia em cada florir de uma flor, em cada rebento de milho, em cada fruto a amadurecer, ou em cada rego de água que corre e se entranha nos torrões secos e agrestes destas terras da Beira Alta.

(Nas fotos apresentação do meu livro "Olhares em Castro Daire. Conta algumas passagens por estas terras, quando em criança eu....andava ao colo de alguns com quem partilho agora estes momentos)

Nesta calçada onde estamos agora nesta amena conversa, os ecos das nossas vozes ouvem-se até ao centro da aldeia. Os meus risos estridentes são timbres afinados bem ao gosto da terra. O meu primo Orando veio até à aldeia onde viveu tantos anos, os meu primos Abílio e José estão cá de férias como eu, os meus pais cá se vão ajeitando há alguns anos regressados à aldeia, após muitos anos em Lisboa. Ao meu pai José ninguém o tira daqui, é vê-lo deitar-se bem cedo e levantar-se ainda de madrugada. Ficou-lhe o amanhecer no verão para ver das águas para regar os milhos. Ainda mantém este ritmo. Agora também gosta de ir à missa do Domingo e é satisfação levar outros com ele. O carro está sempre cheio, e mais pudesse, mais levava. Lembram-se os bailaricos daqui e os de outras terras. Contam-se experiências várias: diz o meu primo Abílio que foram uns quantos rapazes da aldeia noite cerrada pela serra acima, (carro não havia na época para eles, a não ser o carro dos bois que tinham que junger para o trabalho da terra). Namorar, estar com raparigas bonitas e dançar a noite toda, era a única diversão e lá foram eles, contam os meus primos Abílio e Agostinho. Chegados lá nada indicava que haveria baile por aquelas bandas. De volta agora descendo a serra, tristes mas preparados para mais um próximo baile.

A propósito de bailes, conta a minha mãe Deolinda, lembrando um ano em que foi farra um dia até anoitecer, fazendo só uma pausa para beijar o senhor no dia Páscoa. Diz ela: “o Senhor já a entrar na aldeia e nós a dançar. Viemos a correr beijar o senhor e voltamos para dar continuação ao baile. E se baile não havia programado por alguém, o Adrianito, coitado, Deus o lá tenha, tocava o seu realejo e dançava. Portanto, diversão não faltava, até porque ao fim de semana teria que haver algo que os afastasse da semana que viria a chegar onde o trabalho aperta, quer para os homens quer para as mulheres. E alguém termina com mais uma história sobre artes que segundo eles não se coadunam com estes hábitos agrestes de bem trabalhar a terra. Na aldeia de Ester, o Sidónio que atravessava a serra com umas quantas canastras de sardinha à cabeça para vender, fazia-o tocando músicas de ouvido no seu realejo; uma mão segurava as canastras, a outra segurava o realejo junto aos eus lábios secos e sedosos de outros sons.

E assim nos despedimos com a esperança de que no dia seguinte mais histórias teria para ouvir e Vos contar....

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O Caminhar Das Águas

Agora é assim...um tubo para canalizar as águas que corriam livremente pelas encostas.
Aproveita-se assim este líquido, um bem precioso que escasseia cada vez mais. Enquanto isso, os usos e costumes de outrora vão-se perdendo, e aperfeiçoam-se estes.

Assim, as culturas em terras que tiveram direito ás águas e que passaram gerações, como sobrevivem, se só alguns são detentores com este novo método de trazer as águas das nascentes, sem haver respeito pelo uso-fruto?

Vão-se os tempos antigos com as pessoas que os conheciam e novos ventos se avizinham. Haverá novos tumultos, para acrescentar aos já existentes, sempre que passamos pelos meses de verão, em que as fracas comunidades tentam a todo o custo manter o que lhes pertence por direito de uso-fruto. Mas será que sabem mesmo o que lhes cabe ao fim de tantos anos afastados das suas terras?

Por mim vou-me ficando à margem desta teoria de que: "o seu a seu dono", já não é o que era. Naqueles espaços que visito sempre no verão, não sei de águas nem de usos e costumes, a não ser aqueles que vou retirando através da música popular e da etnogafia. Ainda é o que me dá prazer, saber como viviam e não como querem viver nesta sociedade mostrando a cada dia que passa o seu lado mais competitivo, afastando-se do que de verdadeiro existe nestes lugares que primam pelo belo de tão maravilhosos que são.

sábado, 8 de agosto de 2009

Névoas

Lá para os lados de Reriz, a serra cobre-se de um colorido esbranquiçado. Ao longe quase se pode sentir esta leveza cor de pérolas, que ronda um céu brilhante e esvoaça junto às encostas, baixando até quase ao ponto de passagem. As gentes destas terras falam como se fizessem parte delas numa linguagem similar perfeita. Trabalham a terra e vivem no meio das montanhas. Os cumprimentos habituais, as azáfamas do costume, a rega que é precisa:


- "os milhitos, coitadinhos que tanta sede têm" diz a tia Dulce. A minha mãe acena com a cabeça que as névoas lá ao longe são um aviso de que o vento de cima vem aí talvez esta noite.

- Esperamos que não seja nada, mas que ele vem vem.
Assim nos despedimos, sem mais a dizer, com um até manhã se Deus quiser...


De facto quando me fui deitar por volta das 23h300, já se ouvia o uivo característico do vento do Norte. Um eco a embalar-me o sono e com ele adormeci até de manhã bem cedo quando os guisos do rebanho do Carlindo me despertaram para o nascer do sol que estava prestes a acontecer.

Quase a tocar o Céu

Ao Cair do Dia

(Entre Carvalhal e Castro Daire )


Este é um aroma doce a entregar-se no meu corpo frágil. Descem das montanhas novos tons ainda com resquícios primaveris que cobrem as encostas e se deitam sempre ao cair do dia...
Ansia de chegar a tempo de poder assimilar os sons que ecoam na aldeia em fins de tarde, quando o sol se lança neste vai-e-vém, pintando no céu as cores que me cobrem o rosto
São eles mais do que figuras abstractas, seguindo rumos incertos pelas serranias...

domingo, 17 de maio de 2009

O Meu Novo Livro de Poesia "Subtilezas da Alma"

Este "Subtilezas da Alma" corresponde de facto ao título. Nele o leitor encontra a delicadeza do verbo, como um sopro enunciador de um princípio espiritual que cada um de nós descobre, ou pode descobrir, dentro de si mesmo.

Xavier Zarco


Uma edição Edium Editores, com prefácio e apresentação de Drª Carmo Miranda Machado, o meu novo livro de poesia "Subtilezas da Alma", irá ser apresentado em Lisboa, com o apoio da Casa do Concelho de Castro Daire.

O Evento irá decorrer na Rua do Vale Formoso de Cima, 92-96 em Lisboa (junto à estação de Braço de Prata), dia 06 de Junho pelas 15h30
Irá estar patente uma mostra de artesanato e durante o evento, o Rancho Folclórico e Etnográfico da Casa do Concelho de Castro Daire irá fazer uma breve apresentação de cantigas tradicionais e trajes dos mais característicos e representativos das gentes e costumes da região da Beira Alta em Castro Daire, no séc. XIX




NU NO ENCONTRO

Subtilezas da Alma só por si é um título subtil que cria um universo poético da compreensão do que sejam a alma ou (as suas…) subtilezas, as possibilidades são infinitas. Procurando no objecto finito do livro que recebe este nome, serei breve e sem subtilezas nu no encontro com o suporte de “Subtilezas da Alma”.Este título é-o do livro e dum poema que começa com este verso «Sou glossário dos sonhos», um substantivo masculino atribuído a vocabulário que explica termos obscuros por meio de outros conhecidos ou dá os termos técnicos de uma arte ou ciência. Seja esta a definição do que nos é proposto e ficamos, entre mãos (pegando no livro), com uma leitura por demais aliciante.
O livro está dividido em três partes, o poema mencionado está na primeira e é este o conjunto: Capítulo I – Renascer no Silêncio, Capítulo II – Contactos, Capítulo III – Rumos Indefinidos. Na leitura possamos Renascer no Silêncio, sentir Contactos e encontrar Rumos Indefinidos… pedir à Poesia (a sua) poesia.
Leitor(es), na última estância podemos ler, ser, ter, encontrar:
«Sou só Eu e Tu
Neste mundo encantado».

Francisco Coimbra

sábado, 16 de maio de 2009

Encontros do Passado No Presente


Alguém que se cruza no meu caminho. Falamos da vida, (de Deus), do que nos move, do que dói, dos que nos faz feliz e infeliz, e por fim o regresso às origens, à aldeia, às pessoas, à pureza, a sensibilidade de quem trabalha a terra, e vive para ela e com ela. O contacto com a natureza no seu caudal original, o reflexo de nós, lá e aqui na cidade que nos acolheu

Nada

Pus-me a contar às avessas
As pedras de uma calçada
Nove, oito, sete, seis, cinco
Quatro, três, duas, uma
Nada....


Com pena

Com pena peguei na pena
Com pena pus-me a escrever
Com pena deixei a pena
Com pena de te não ver.


De Sofia de São José Almeida

Uma grande senhora que viveu na Aldeia de Ester de Baixo, a quem eu deixo a minha homenagem. (Poemas cedidos pela sua neta Antónia)

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Apresentação do Livro Olhares

O meu livro "OLHARES" editado em 2008, pela Corpos Editora, irá ser apresentado, dia 02 de Maio nas Termas do Carvalhal, em Castro Daire, com o apoio da Cãmara Muncipal



domingo, 29 de março de 2009

As Danças e Cantares

As mais características, de algumas aldeias identificando a sua origem:

O Fado à Desgarrada:

Das mais características.
Trata-se de um despique de cantigas ao desafio, entre dois cantadores, (por vezes também se vê um cantador e uma cantadeira).
Estas cantigas são improvisadas durante horas a fio, e acompanhadas por: realejo, concertina, ou bombo.
Ainda se encontram pessoas que se encontram para estas cantigas, em algumas aldeias de Castro Daire

A Chula de Alva

Trata.se de uma moda muito característica, que se compara com o fado à desgarrada. A chula é uma moda de uma beleza impar, quando cantada e dançada.
A sua coreografia, remete-nos para danças antigas que se dançavam nos palácios. Existe um despique entre um cantador e uma cantadeira e em algumas letras, existe mesmo uma certa malícia muito conotada a certos aspectos desta região.

Contradança

Esta é uma dança característica da Serra de Montemuro. Foi trazida pelos soldados de Napoleão, aquando das invasões Francesas. Trata-se também esta, de uma dança palaciana, e foi passando para o povo através da criadagem que a aprendeu, espreitando pelo buraco da fechadura.
Esta dança é iniciada por três pequenas valsas, a que chamam "valsa da forma" e tem como característica fundamental, a existência de um "mandador", que faz parte do grupo de dançantes. Neste caso e como se vê na foto, (eu sou a mulher de lenço amarelo e o meu par era na altua quem mandava a contadança).
A Casa do Concelho de Castro Daire divulga de uma forma assídua estas danças por várias zonas do país).

(Algumas informações cedidas pela Casa do Concelho de Castro de Daire em Lisboa)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Traje de Gente Rica

Na Mulher

- lenço de seda amarelo, amarrado atras,
- saia castanha fina e muito franzida,
- meias brancas rendendas,
- colotes de tecido fino branco até ao joelho,
terminando com renda
- saiote branco terminando com renda
- chinelas de couro pretos
- xaile de fitas no braço

A graça deste traje encontra-se quando a dançar, a saia roda e pode ver-se por baixo a parte do tecido branco do saiote e dos colotes

No Homem

- chapéu preto de aba virada acima,
- colete de fazenda preta e costas caltas,
- camisa de linho industrial com gola à padre,
- calças pretas de fazenda com presilhas,
- boltas pretas de sola.
Este foi o primeiro traje que vesti quando se iniciou o Rancho Folclórico e Etnográfico da Casa do Concelho de Castro Daire. Não tive grande dificuldade em dançar dado que neste traje, quer o homem quer a mulher dançam de; ela de chinelas leves de couro e ele de botas de couro.
Este traje era também chamado de Agricultores Abastados. Nota-se já uma certa diferença nos tecidos, pela sua suvidade e leveza. Provavelmente seriam tecidos que eram comprados fora das aldeias, em locais próprios de venda.
Esta dança é já a saída do palco após a actuação. è uma dança leve que se dança rodando para um lado e para o outro, ao som da musica e dos cantadores que cantam o fado. Cantares ao desafio

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Traje Domingueiro de Gente Pobre

Representativo das gentes do povo

Na Mulher
-lenço de lã amarrado na cabeça;
- saia de serrobeco castanha; (este tecido resulta também
da separação do linho)
- blusa de linho;
- não usa meias
- mas calça tamancos pretos

Instrumentos de trabalho: Cântaro de água debaixo do braço, seguro com as mãos ao ombro ou no braço, uma toalha de linho (produto final do trabalho realizado).

No Homem:
- calças de tomentos (parte mais fraca do linho);
- camisa de linho caseiro;
- chapéu de palha;
- tamancos serranos abertos (pode dançar descalço)

Instrumento de trabalho: ancinho
Este traje pelo que foi dito abaixo nas diversas fases do trabalho do linho, resulta do aproveitamento do que se fazia na aldeia. Quuer o trabalho do linho, quer depois o seu aproveitamento para a confecção de peças de vestuário.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Os Trajes


Alguns exemplos dos mais característicos, para além do traje de romaria, de ir à missa, (ou ver a Deus como diz o povo), de cerimónia e os noivos.

Os Pastores da Serra do Montemuro

Na Mulher – Lenço de lã atado atrás blusa de chita, saia de lã, tamancos serramos e capucha. (Ainda hoje se pode ver numa aldeia situada na Serra de Montemuro de nome “PICÃO”, as mulheres mais velhas usam esta capucha, para se protegerem do frio e da chuva). É feita de lã de ovelha. Esta é uma realidade ainda dos nossos dias mas que em contraste com a agressividade da serra e a paisagem agrestem nos trasnporta por momentos para o ambiente da Idade Média

No Homem – Chapéu e capa feitos de palha, cajado e tamancos serranos. Esta capa protege o homem do frio e da chuva. Nas pernas usa também uma protecção dos joelhos até aos pés, feita do mesmo material.
Esta palha que antigamente, servia também para cobrir as casas de granito. A tal chamada cobertura de colmo, ainda hoje se pode ver nas casas antigas que no momento presente servem para guardar o gado e para palheiros.
Mª Dolores Marques

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Castro Daire e o Folclore

Folclore do Sec XXI - Cultura Popular
A divulgação da cultura popular, local e regional, é feita através da existência de ranchos folclóricos , cujos responsáveis desenvolveram um trabalho de pesquisa indo ao encontro de como se vivia no passado. Esta divulgação, consiste na recriação na íntegra de todo o historial de músicas, trajes, instrumentos de trabalho do séc. XIX.

Posteriormente à 2ª guerra mundial e como consequência desta, inicia-se um movimento migratório que faz deslocar pessoas do interior do país para as grandes cidades, tendo como objectivo melhorar as condições de vida. Cria-se assim uma comunidade muito grande em várias zonas de Lisboa, mas principalmente na Zona Oriental, que é onde se instalaram as indústrias, que irão receber estas pessoas.

Castro Daire Abraça Lisboa
Em 1991, é criada a Casa do Concelho de Castro Daire em Lisboa, e com ela o Rancho Folclórico e Etnográfico da Casa do Concelho de Castro Daire.

Possui um reportório de grande qualidade baseado nas recolhas etnográficas e coreográficas, efectuadas pelos ranchos com mais tradição e residentes nas aldeias limítrofes do Concelho. Desde essa data que estão presentes em vários festivais de folclore, e dão a conhecer o Concelho, os costumes e as suas gentes através do "Castro Daire Abraça Lisboa. (Fiz parte deste grupo desde a sua fundação, onde permaneci cerca de 3 anos)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Receio / Desalinho

Para falar do tema que se segue "O Folclore", nada melhor do que dar início com uma letra escrita por mim para ser cantada e dançada- nunca o foi até à data....

Receio
Vi-te longe mas certinho
Com teu passo bem certeiro
Vinhas tão devagarinho
Quando chegaste ao outeiro

Agora que me avistaste
Mudaste o passo pro meio
Mudo eu o meu contraste
Para não ter mais receio?


Desalinho

Vi-te longe mas decerto
Com teu passo apressadinho
Tu me queres ver mais de perto
Com meu ar em desalinho

Vi-te longe mas decerto
Já não vais comigo á fonte
Vemo-nos aqui mais de perto
Escondemo-nos neste monte

Minha mãe me vai ralhar
Hoje cedo me ralhou
Por contigo me encontrar
Esta a sorte que me calhou

Vamos logo ver os lírios
Para saber como estão
Quero ouvir os seus delírios
Vi-os ontem e hoje não

Gostava de te encontrar
Logo mais ao entardecer
Queria tanto te mostrar
Um segredo a amadurecer


Mª Dolores Marques

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Dobar e Urdir o Linho






Nesta fase a dobadoira, serve para fazer novelos de linha.

Lembro de ver a minha avó sentada num banco baixinho e enquanto conversavamos ao serão, ela fazia rodar a dobadoira. Os meus olhos acompanhavam o movimento dos fios e o sono descia suave como pétalas de algodão




Existia também outro instrumento que servia para Urdir o linho.

É preparar os fios para o tear













(Todas as fotos aos instrumentos de trabalho do linho, foram tiradas por mim no Museu de Castro Daire)

Ainda Sobre O Linho (A Maçaroca)


Após a tarefa de fiar o linho as maçarocas, eram retiradas do fuso e colocadas no sarilho. Este intrumento servia para desenrolar o fio e ao mesmo tempo enrola-lo em forma de meada



As meadas depois de prontas iam a lavar e corar:

Em cortiços depositava-se água a ferver e cinza, após o que se colocam as meadas, deixando-as ficar uma semana.

Após esta barrela, e após a sua lavagem iam a corar: para isso ficavam ao sol até ficarem prontas.

Esta era uma fase final, a de preparação dos fios de linho para ser depois trabalhados no tear

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Prémio Dardos


Tive a honra de receber o Prémio Dardos da minha amiga Fatima Santos, Obrigado amiga por teres lembrado deste blog. Eu lamento o meu esquecimento desse teu blog que tanto adorei que fizesses.
"Com o Prémio Dardos reconhecem-se os valores que cada blogger, emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc., que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras. Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os bloggers, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web”.Este Prêmio obedece a algumas regras:
1) Exibir a imagem do selo;
2) Linkar o blog pelo qual se recebeu a indicação;
3) Escolher outros blogs a quem entregar o Prêmio Dardos.
Sendo assim, atribuio o Prêmio Dardos aos blogs abaixo mencionados pelo valor que reconheço dos seus textos;

Sendo assim, atribuio o Prêmio Dardos aos blogs abaixo mencionados pelo valor que reconheço dos seus textos;

A Fonte

Enquanto a minha avó trabalhava o linho, eu, ora ajudava também, ora brincava com as outras crianças da aldeia. De vez em quando ouvia-se a voz da minha avó a chamar por mim para ir à fonte buscar-lhe água.
Anos mais tarde, ao lembrar estas situações e porque gosto do que é tradicional, escrevi:

A Fonte

Fui à tarde, à tardinha
Ver a fonte e o que ela tinha
Viu meus olhos redondinhos
Disse ela...
São tão lindinhos

Quis levá-la para longe
Queria tê-la
Como um monge
Ela disse que não podia
Porque o sol hoje lá ia

Fiquei triste sem saber
O que agora hei-de eu fazer?
Mas ela me deu a mão
E eu disse...
Vens ou não?

Mª Dolores Marques