sexta-feira, 19 de março de 2010

José, é o nome de meu PAI

Sereno e confiante
Desliza sobre o monte
Um olhar penetrante
Que sempre
Atinge o céu
Quando se remete
Ao silêncio
Que o conduz
Para longe
Quando o dia
Se faz breu
*
José, é o nome de meu PAI
*
E será eternamente
Um fio que nos liga
Ao sonho e à vida
Como um rio
Capaz de nascer
E perecer
Sem ter que passar
Pela dor re-vi-vida
Aquietando as correntes
Em pura ascensão
Que nos farão
Renascer de novo
*
Por se comemorar o dia do Pai, lembrei dele.
José Marques,
um nome como tantos outros que nasceram
por terras Beirãs e lá se fizeram homens.
Foi criança, que brincou,
estudou e trabalhou
Foi militar, e ao mesmo tempo casou
Foi migrante e em Lisboa se instalou
Mas é lá,
entre a Serra do Montemuro e o Rio Paiva que o vejo, até hoje,
onde vive ainda com 78 anos

segunda-feira, 8 de março de 2010

Afiguram-se-me Memórias


Sobrevivo num tempo de memórias
Que me são fatais
E pinto o firmamento de cores
Que são os meus ideais

Raios de sol sobrevoam as serras
E traçam nos pinhais
Figuras ancestrais
Que deixam nas encostas
Marcas matinais

E são corpos firmes desiguais
Perpetuando sonhos delicados
Sob um vento agreste
Presos nestes matagais

E nas serras majestosas
Ouvem-se gritos distantes
E raios de sol entram pelos pinheirais
São uivos dilacerantes
Que sobem como espirais
*
Poema do meu livro Olhares editado em 2008.
Homenagem a minha aldeia e à Serra do Montemuro