sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Já o Lobo Uiva



O vento também sofre
Chora até nos intervalos da chuva
Perpétuos são os seus movimentos
Imperfeições de um rosto imaculado
Que não dorme em cima de um desgosto
Chega até ao limite das suas forças
Quando deixa brisas pelos caminhos
Mas elas não sabem ainda como é
Cair sobre os males do mundo
Estas insónias em desatino
Que descem pelas encostas
E não deixam dormir as rajadas do vento

No alto da serra já o lobo uiva
Ouve-se na terra brava dos gestos
As chuvas percorrem os trilhos do vento
E mergulham sobre o manto do rio
Sabendo que nem usos e nem costumes
São deixados ao acaso
Porque o povo é genuinamente
Um pecador, sem receio
De cair na boca do mundo

(Dolores Marques)