sexta-feira, 22 de abril de 2022

Tenho medo


 Estão as portadas fechadas

E eu tenho frio..

Muito frio dos lugares inóspitos

E medo, muito medo dos açaimes brancos

....

Vivo na história dos chacais

Sou libertina de  um costume antigo

Tenho o corpo feito de metais

Boca de sangue e ferro

E os braços presos nos matagais


Tenho medo, muito medo

Das colinas onde me esperam

Outras histórias, 

Visionárias de novos mundos


Mas tenho medo, muito medo

E os braços presos nos matagais


....

Do livro "Uivam os Lobos"

Dakini

quarta-feira, 16 de março de 2022

Nos caminhos das águas


Honrar o trabalho dos nossos antepassados, é preciso. O que uns se lembram do tempo que por ali andaram de enxada na mão, e infelizmente outros teimam em esquecer para proteger caprichos abomináveis...por se tratar de ganância desmedida.
Ainda sobre a temática água, água de regadio, cujos tubos colocados por alguns nas nascentes que devem servir todos, impede a água de correr livremente pelo solo, com todas as consequências negativas, que daí advêm, quer para a continuidade de outras nascentes, quer para o solo, quer para a preservação do ambiente no seu estatuto natural de montanha, quer para o povo da aldeia que estará nos próximos anos condenada a ficar sem água para regar ou beber ....
Obrigada ao meu primo Abílio por mais este esclarecimento.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Levadas em Moção


 Colocam  tubos no rego das levadas ? Não me cala este feudalismo,  a querer renascer das cinzas do novo tribunal em Moção.

A liberdade ainda não se avista, o fascismo colado à pele, não se limpa nem com esfregão de arame. 

Agora a colocarem tubos no rego das levadas, anulando tudo o que foi Lei para  sobrevivência desde que "o mundo é mundo", por aqui.

Partilhas centenárias, usos e costumes agora acorrentados em tubos.

Como semear versos num corpo com fome de terra e sede de água?  

Escreveram os lobos, em  solo seco e pobre da Serra do Montemuro, sem direito a matar a SEDE.

Os tubos espalhados pelo Monte da minha aldeia, que trazem água das nascentes, além de privarem o rego das levadas do seu caudal normal para regadio, são também um insulto ao próprio ambiente natural e de montanha. Um atentado contra tudo e todos:

À natureza

Ao ambiente

À montanha

Aos lobos

Às terras 

À aldeia 

Às pessoas, que já não têm água suficiente no rego das levadas, para regarem as terras.


Qual será a parte que não entendem, os que me têm vindo incomodar nas minhas publicações, quando isto é tão óbvio, como por exemplo, irem beber água à Fonte, e esta se encontrar entubada, só para matar a sede de alguns.

 Num futuro próximo, à conta de água  enclausurada no tempo, ficarão também as pessoas que cometem tais atrocidades, contra tudo, todos e a própria natureza.




Ditadores


 

Senti o peso da ditadura, sim. Era um tempo de miséria, onde todos comíamos da mesma gamela e bebíamos de um tubo de ensaio.

Entretanto, José Saramago escreveu "Ensaio Sobre a Cegueira" e depois, "Ensaio Sobre a Lucidez".

Ouvidos os discursos políticos de outrora e de agora, parece ter parado o tempo. E meus caros, a ditadura e o fascismo encobertos, vão levantando o véu a descobrir a falta de liberdade de expressão, aquela a que tenho  sido sujeita nestes últimos meses, por me insurgir contra tudo o que me parece ainda um tempo de feudalismo.

Estamos então muito atrás no tempo, que me parece até um Salazarista retrógado este tempo.

Não sei até quando, mas tenho fé na vida, e que tudo seja natural, até a forma como matamos a sede nos matagais.

Se estivermos atentos, tudo isto acontece no nosso meio, onde temos que renascer a cada momento ao perceber que são os nossos iguais, os piores ditadores.....

Caderno diário


 Muros, murais e outras coisas que não lembro, enquanto escrevo sobre um malfadado ponto final no meu caderno diário.


Sábios os donos de uma casa sem tecto. 

Poderão avistar outros mundos, e, talvez o verdadeiro mentor das palavras não escritas mas sentidas dentro ou fora dos muros.

Escrevo o que por sorte me calhou à sorte. 

Saberão os escrivas do mundo como escrever num chão de água, onde se encontram reflectidos os donos da casa de baixo, sem janelas, nem portas, tão-pouco um telhado outrora construído com lousas de xisto?


Saberão os mentores da nova Era, como identificar sinais doutos, assim como os caminhos que os levarão à terra seca, gretada, dorida.

A água secou, e a humildade com que a bebiam, gota a gota, é agora um acto único de amor a uma flor que murchou.........

......... Continua a ler, se puderes, o que ficou em branco, que me tocas como alguém nunca me tocou.

domingo, 23 de janeiro de 2022

Sonho


 

A Serra do Montemuro....um sonho aniquilado desde a fonte.

A água desviada das nascentes, precisa correr livremente pelos regos.

Libertem as nascentes do aquário.

O tempo, sendo galopante reduz os riscos de um apego doentio, àquilo que nao nos pertence. 

Há 10 anos era o tempo de algumas correntes, que me iam manipulando, no seu percurso pouco fiável, mas, ainda assim, só livres dentro de um aquário....

Hoje, o tempo é o de previsíveis loucuras, sendo a liberdade, não uma alucinação, mas uma visão clara de Horus.

E não, não me queiram amarrar, calar, cegar, anular. O tempo, sendo galopante, também deixa marcas profundas, difíceis por vezes, de ver, aos que vivem sob o efeito contrário dos ponteiros do relógio.

E, sendo imprevisível, livre o serei para denunciar actos ilícitos, contra pessoas e bens, a natureza no seu curso normal e naturalmente original.


DM (Dakini)