domingo, 31 de dezembro de 2017
quinta-feira, 2 de novembro de 2017
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
quarta-feira, 4 de outubro de 2017
sábado, 26 de agosto de 2017
Resgate
Corre-se atrás de um tempo informe, que nem mesmo a dor tem lugar nesse caos.
Doravante serão destituídos os momentos, que, por incumbência do destino ardam já no lugar onde se arrumam os sentimentos vazios.
Que negras são as vistas para os lugares de ontem.
Que fome resistirá aos tempos vindouros?
Que fundas são as meninas dos olhos a coabitarem um tempo incólume.
Que nomes têm as duas porções do pensamento, quando se juntam em “orgias” intelectuais, porém pecaminosas no seu pensar ardiloso?
Que caminhos seguirão quando sucumbirem perante a arte do seu saber existir?
Quais os espaços, e que tempos sobreviverão à catástrofe do seu pensar existir?
Corre-se…corre-se e escorre-se o pensamento.
Vive-se…vive-se e permitem-se no tempo, vultos que violam a própria luz.
Sonha-se…sonha-se e voa-se sobre as águas tais vampiros agonizantes, com sedes e fomes cavernais.
E o sangue é quente.
E a morte é fria.
E os deuses são ausentes.
E os caminhos cortados
E os olhos fechados.
Mas, as bocas abertas à chegada das estrelas.
Dormem agora todos juntos, prenhes da noite.
Os andrajos desajeitados, todos de enfiada por terra afora.
E matam fomes de outrora.
Saciam sedes de um tempo escorrido nos augueiros.
Declinam o seu próprio tempo.
Afogam-se nos seus próprios pensamentos.
E alugam-se uns aos outros.
Copiam-se nos trajectos da lua.
Mastigam sóis nos lençóis.
E rezam à desdita má sorte, por mais tempo.
Choram lágrimas tecidas na pele, derramadas agora na pureza dos seus actos.
E o corpo é só um corpo.
E os olhos são só uns olhos.
E a boca sã nos suspiros e gritos, colhe adversidades, vociferando maldades.
E os cabelos são só uns galhos secos nas árvores, onde dependurados os pensamentos, se ajeitam para voos nocturnos.
A edificação de uma vida cuja validade já fora de moda, arrasta tempos atrás de tempos, na divisão dos seus mundos internos.
À despedida, saberão como sentir o que pensam….e tudo voltará a ser a essência, na decadência dos lugares ocupados por Deuses.
À despedida saberão dos Deuses que são, ou não, mediante o pensar da sua própria razão de existirem.
E as ceifas continuam no resgate dos caminhos perdidos.
ÔNIX/dm
Doravante serão destituídos os momentos, que, por incumbência do destino ardam já no lugar onde se arrumam os sentimentos vazios.
Que negras são as vistas para os lugares de ontem.
Que fome resistirá aos tempos vindouros?
Que fundas são as meninas dos olhos a coabitarem um tempo incólume.
Que nomes têm as duas porções do pensamento, quando se juntam em “orgias” intelectuais, porém pecaminosas no seu pensar ardiloso?
Que caminhos seguirão quando sucumbirem perante a arte do seu saber existir?
Quais os espaços, e que tempos sobreviverão à catástrofe do seu pensar existir?
Corre-se…corre-se e escorre-se o pensamento.
Vive-se…vive-se e permitem-se no tempo, vultos que violam a própria luz.
Sonha-se…sonha-se e voa-se sobre as águas tais vampiros agonizantes, com sedes e fomes cavernais.
E o sangue é quente.
E a morte é fria.
E os deuses são ausentes.
E os caminhos cortados
E os olhos fechados.
Mas, as bocas abertas à chegada das estrelas.
Dormem agora todos juntos, prenhes da noite.
Os andrajos desajeitados, todos de enfiada por terra afora.
E matam fomes de outrora.
Saciam sedes de um tempo escorrido nos augueiros.
Declinam o seu próprio tempo.
Afogam-se nos seus próprios pensamentos.
E alugam-se uns aos outros.
Copiam-se nos trajectos da lua.
Mastigam sóis nos lençóis.
E rezam à desdita má sorte, por mais tempo.
Choram lágrimas tecidas na pele, derramadas agora na pureza dos seus actos.
E o corpo é só um corpo.
E os olhos são só uns olhos.
E a boca sã nos suspiros e gritos, colhe adversidades, vociferando maldades.
E os cabelos são só uns galhos secos nas árvores, onde dependurados os pensamentos, se ajeitam para voos nocturnos.
A edificação de uma vida cuja validade já fora de moda, arrasta tempos atrás de tempos, na divisão dos seus mundos internos.
À despedida, saberão como sentir o que pensam….e tudo voltará a ser a essência, na decadência dos lugares ocupados por Deuses.
À despedida saberão dos Deuses que são, ou não, mediante o pensar da sua própria razão de existirem.
E as ceifas continuam no resgate dos caminhos perdidos.
ÔNIX/dm
quarta-feira, 23 de agosto de 2017
E sejam todos Profectas
Quando o véu cair, ao abrirmos os olhos à existência do verdadeiro Conhecimento, há coisas que eles verão, como se tivéssemos acabado de nascer.
Porque a verdade cujo "conhecimento" julgávamos ter, não passa de uma fraude. A mentira cuja coação intrínseca, os coíbe de olhar e verem tudo.
O fluxo deste flagelo atinge já dimensões incomensuráveis.
A vergonha deste anonimato, em que nos encurralamos, como se fôssemos, nós, os “nós” da verdadeira causa desse antro, assim como do real efeito que em nós se funde, antes ou depois do tempo previsto.
Que coisa é esta, a morrer e a renascer, sem darmos por essa verdade a arrancar raízes de uma mente insana. Sintomática a densidade dos corpos, inadvertidamente expostos à Luz.
Que vida é esta, a correr pela diversidade dos caminhos fechados à metáfora dos olhos.
Que sentir aberto ao medo, reflectido na insanidade aparente do espírito que os guia.
Mas, que sentimento libertador sobre as asas, quando em voos pensados na limpidez das águas, se defendem caminhos, e se juntam os nós todos do corpo agora coberto de musgos.
Sem querer interferir no mundo ficcionado de um certo estilo de uma pauta musical, construída a ferro e fogo nos caminhos da tortura.
Sem me querer imiscuir nos versos de uma série anónima de poemas, a soerguerem-se serra acima.
Sem querer, sequer, saber quando e porque se coíbem de se afirmarem donos de si mesmos nos subúrbios de um sonho...
VIVO!!!
E é com este tipo de afirmação nos arrabaldes de um pensamento, que a mente se mortifica, quando caminha sonâmbula.
E é com este modo infame, que se julgam os dedos capazes de serem tudo, menos a metáfora a construir versos no tempo dourado.
Soltem os corpos no tempo das colheitas, e não queiram saber quem fui na Primavera, quando das sementes lançadas à terra.
Cantem todos, as odes ao Outono, que o Inverno aquece-vos os olhos com o divino manto sobre os montes.
Rezem todos, mas em silêncio, no vale onde deixaram firme, a vontade de serem os Filhos das Estrelas.
E sejam todos profetas
E sejam todos deuses
E sejam todos santos
Mas não façam do templo das pedras edificadas pelo destino, um tabernáculo das vossas orações.
É que os tempos novos, saberão quem são à chegada quando se abrir o corpo fértil da nova terra.
E sejam todos VIDA!
ÔNIX, in "O Caminho das Estrelas"
quarta-feira, 16 de agosto de 2017
Filhos das Estrelas
Visionários a tecerem os sonhos no sótão onde arrumaram o sol.
Que sol será este que os acolhe no campo visual de um lugar de arrumos fáceis.
Que lugar ermo é este na palidez dos abraços da lua?
Que filhos serão estes, os da terra?
Quando foi que do céu chegaram as estrelas?
Que esconderão nas mãos os filhos nascidos do ventre do céu?
Que sementes serão estas lançadas à terra e sem água que brote da fonte?
Os mares tumultuosos, à espera do tempo dos náufragos além do horizonte.
Os rios, calados, afogam as tristezas carregadas pelos ventos.
Um instantâneo focado no passado de uma corrente sempre presente no seu momento transitório.
E a corrente convida a descansar os pensamentos, reflectindo a mágica peregrinação do espírito
O que fariam as estrelas se soubessem que poderiam renascer por entre os trilhos dourados e submersos de um rio que nunca se perde?
Por entre granitos e xistos, a corrente convida a descansar os olhos.
E os ventos, tais melodias nascidas no alto da serra, sopram as nuvens em jeito de furacão.
E as orações na capela cantam o tempo das colheitas.
E os braços ceifam o tempo das searas.
E o sino a reboque já sem o timbre de outrora.
Sonhos e mais sonhos riscados nos penedos.
Choros e mais choros colados no sobrado.
E a terra lavrada.
E os filhos da terra sem saberem ler nem escrever...sonham.
Sonham com o tempo dos trovões nas rezas dos lábios.
Sonham com as estrelas que tombaram e por aqui ficaram.
E as searas em chamas
E as levadas secas
E ainda se ouvem as rajadas de um vento a norte a sacudir-se, enquanto os filhos da terra se abrigam junto das estrelas caídas.
Dolores Marques (ÔNIX) /Moção 2017
Que sol será este que os acolhe no campo visual de um lugar de arrumos fáceis.
Que lugar ermo é este na palidez dos abraços da lua?
Que filhos serão estes, os da terra?
Quando foi que do céu chegaram as estrelas?
Que esconderão nas mãos os filhos nascidos do ventre do céu?
Que sementes serão estas lançadas à terra e sem água que brote da fonte?
Os mares tumultuosos, à espera do tempo dos náufragos além do horizonte.
Os rios, calados, afogam as tristezas carregadas pelos ventos.
Um instantâneo focado no passado de uma corrente sempre presente no seu momento transitório.
E a corrente convida a descansar os pensamentos, reflectindo a mágica peregrinação do espírito
O que fariam as estrelas se soubessem que poderiam renascer por entre os trilhos dourados e submersos de um rio que nunca se perde?
Por entre granitos e xistos, a corrente convida a descansar os olhos.
E os ventos, tais melodias nascidas no alto da serra, sopram as nuvens em jeito de furacão.
E as orações na capela cantam o tempo das colheitas.
E os braços ceifam o tempo das searas.
E o sino a reboque já sem o timbre de outrora.
Sonhos e mais sonhos riscados nos penedos.
Choros e mais choros colados no sobrado.
E a terra lavrada.
E os filhos da terra sem saberem ler nem escrever...sonham.
Sonham com o tempo dos trovões nas rezas dos lábios.
Sonham com as estrelas que tombaram e por aqui ficaram.
E as searas em chamas
E as levadas secas
E ainda se ouvem as rajadas de um vento a norte a sacudir-se, enquanto os filhos da terra se abrigam junto das estrelas caídas.
Dolores Marques (ÔNIX) /Moção 2017
domingo, 13 de agosto de 2017
quinta-feira, 6 de julho de 2017
sábado, 17 de junho de 2017
sexta-feira, 5 de maio de 2017
sábado, 29 de abril de 2017
quarta-feira, 26 de abril de 2017
terça-feira, 25 de abril de 2017
segunda-feira, 17 de abril de 2017
Caminhos das sombras
Há dias que mais parecem cruzes!
Confiam nos olhos de quem escreve um Poema sem as mãos.
Mas, se as mãos bloquearem os olhos, a cegueira será um poema interdito. Ou Não?
Não sei até que ponto, estará pronto o Poema, face ao degredo dos sentidos oculares.
Hoje, até a poesia grita por conta dos ermos nos olhos abertos.
E digo-vos muitas coisas nunca pensadas, enquanto trancados os olhos à verdade escrita pelo tremor das mãos.
E digo-vos dos espaços, onde se escrevia sobre um vendaval desencadeado nas sombras ocultas dos olhos.
Nem sempre os olhares desmaiam, ante o linho amarelecido na arca de madeira. Ali tudo é um sentido único, na flor ainda em aberto da planta regada e não chacinada por pontos em cruz.
Nem sempre os sentidos são reclamados pela luz a nascer no ventre da madrugada.
A luz nem sempre aceita quem abomina os passos incertos ainda a pisar a terra seca e árida, cuja sagração dos deuses que a consomem nem sempre é um facto consumado.
A terra onde o Poema se fez luz, à custa de muita revolta pelo bico férreo do arado.
A terra onde o Poema castigado, sempre foi humilhado pela luz consignada ao tempo das sombras.
A terra, cujo ventre é ainda a clara luz, onde nascerão novos frutos, para se saciarem fomes de uns certos movimentos, que nascem sem as sementes lançadas à terra.
Hoje tudo é em debandada, pelos caminhos de Deus.
A voz que gritará de um fundo de vida, para que se saiba onde escrever um poema de terra.
A voz que sucumbirá ante um alvoroço na noite provocado por um raio de luz crescente.
A voz de sempre, que fará surgir fios de águas nos caminhos, onde se dão partos de luz.
Mas, continuo com esta convicção redobrada sobre um passado de terra, cujos olhos desenterram, e o fazem seguir viagem pelos caminhos das sombras.
E continuo assim a escrever sobre esta maldita fome, onde até a poesia sofre por conta de algumas correntes castradoras, e não sofredoras, até à última contagem de uns versos soltos nos penedos.
Dakini Pseudónimo de Dolores Marques
Confiam nos olhos de quem escreve um Poema sem as mãos.
Mas, se as mãos bloquearem os olhos, a cegueira será um poema interdito. Ou Não?
Não sei até que ponto, estará pronto o Poema, face ao degredo dos sentidos oculares.
Hoje, até a poesia grita por conta dos ermos nos olhos abertos.
E digo-vos muitas coisas nunca pensadas, enquanto trancados os olhos à verdade escrita pelo tremor das mãos.
E digo-vos dos espaços, onde se escrevia sobre um vendaval desencadeado nas sombras ocultas dos olhos.
Nem sempre os olhares desmaiam, ante o linho amarelecido na arca de madeira. Ali tudo é um sentido único, na flor ainda em aberto da planta regada e não chacinada por pontos em cruz.
Nem sempre os sentidos são reclamados pela luz a nascer no ventre da madrugada.
A luz nem sempre aceita quem abomina os passos incertos ainda a pisar a terra seca e árida, cuja sagração dos deuses que a consomem nem sempre é um facto consumado.
A terra onde o Poema se fez luz, à custa de muita revolta pelo bico férreo do arado.
A terra onde o Poema castigado, sempre foi humilhado pela luz consignada ao tempo das sombras.
A terra, cujo ventre é ainda a clara luz, onde nascerão novos frutos, para se saciarem fomes de uns certos movimentos, que nascem sem as sementes lançadas à terra.
Hoje tudo é em debandada, pelos caminhos de Deus.
A voz que gritará de um fundo de vida, para que se saiba onde escrever um poema de terra.
A voz que sucumbirá ante um alvoroço na noite provocado por um raio de luz crescente.
A voz de sempre, que fará surgir fios de águas nos caminhos, onde se dão partos de luz.
Mas, continuo com esta convicção redobrada sobre um passado de terra, cujos olhos desenterram, e o fazem seguir viagem pelos caminhos das sombras.
E continuo assim a escrever sobre esta maldita fome, onde até a poesia sofre por conta de algumas correntes castradoras, e não sofredoras, até à última contagem de uns versos soltos nos penedos.
Dakini Pseudónimo de Dolores Marques
terça-feira, 28 de março de 2017
Tempo dos aromas silvestres
Estes dias por aqui são quase uma passagem breve pelo tempo das amoras. Aqui nem sempre me é concedido esse toque agridoce na pele, e na boca. Por estas bandas, os silvados são feitos de ervas secas, que resistem à força do cimento. Mas um elemento novo, a dar-lhes vida, num balançar leve na suavidade das papoilas. Costumo entrar pelas hortas, numa procura rasurada do tempo da loucura a correr por cima dos muros xistosos e a embrenhar-me no novo colorido das silvas. Aqui nem as águas têm a liberdade, que qualquer elemento assume, na sua forma original - ser água que corre por qualquer terra lavrada.
Salto as couves, e os feijões, e as batatas. Tenho não incomodar com as minhas pegadas, o seu crescimento, mas de que adianta sonhar alto, com terras firmes nos meus pés, se por aqui, se enterram numa mistura lustrosa de um piso arenoso e barrento. A verdade é somente este misto na labuta, ainda a crescer nas gentes, que operam milagres nas terras áridas, num agridoce barrento, mas ao mesmo tempo, suculento no seu saber cantar sobre a terra as melodias da serra.
Decido então caminhar pelos charcos da chuva que chega abafando este ruído intenso nas ruas da cidade. Percebo, porém, que nem ela tem a capacidade de me encharcar toda, como gosto.
Costumo pensar nos regos cheios de água, a atravessar as pedras das calçadas, e dos cheiros vários dos fenos e dos fetos verdes nos pinhais. Eu tinha a percepção da sua passagem através dos odores fortes a encher caminhos.
Penso sempre naqueles caminhos como os meus caminhos, quando na verdade, eles existiam para a passagem das águas.
Lembro quando me debruçava, para nela me mirar toda até aos cabelos. A minha intenção não era saber sobre o meu reflexo ali espelhado naquelas águas, porém, admirava as formas do seu dançar por entre os pequenos xistos. Depois também eu, distorcida na pequena corrente brincava com aquele vulto, largado por ali em leves oscilações.
Lembro-me também, das minhas mãos coladas uma na outra, quando tentavam conhecer a textura das resinas, a escorrer por cima das carumas.
Quando os cucos cantavam lá no cimo dos pinheiros, os seus ecos saltitavam por cima das folhas secas, e tudo se presumia uma grande aventura no tumulto dos ventos ali plantados.
Aqui, pela cidade, os ventos também não são soltos como eu gosto. Despenteiam-me de forma atabalhoada. Fico sem graça, porque um vento quando é vento a sério, canta aos meus ouvidos. Um vento quando sabe que é mesmo vento levanta um remoinho, tal, no meu corpo, que até parece que levanto voo. E este, não canta. Este vento chora baixinho debaixo dos meus cabelos. Este género de vento não dança, rasteja por entre os muros erguidos em todas as direcções.
Estes tempos por aqui, sabes, são quase uma breve passagem pelo tempo de todos os aromas silvestres, com amoras na minha boca
ONIX/DM
segunda-feira, 27 de março de 2017
sábado, 18 de março de 2017
Hoje trago-vos um sol de primaveras longínquas.
Hoje trago-vos um sol de primaveras longínquas.
Hoje ainda vou a tempo de nos voltar a lembrar do tempo dos olhos abertos à clara luz que enche os espaços fechados.
É sempre tempo do esplendor nos nossos corpos esfomeados.
Há também um tempo a nascer-nos em cada palavra ainda sufocada.
Não me queiram a nomear-nos obras incompletas, quando por morte de um só verso nos nossos pecados.
Ontem clamei pela poesia, e não pelos nomes daqueles que só se enxergam à luz de um nome - POETAS.
Quanto de poeta existe na poesia?
Quanto de poesia existe nos poetas?
Ontem arrefeci as mãos por não saber escrever-vos um poema.
Hoje lembrei dos nomes poéticos que havia esquecido, e por sorte chegaram-me no tempo dos equinócios, que estão para breve nos nossos olhos.
Hoje é um dia diferente, por termos nas mãos os traços ainda verdes das primaveras longínquas.
Hoje quero dizer-vos que deixei as palavras a nascer sobre os olhos todos que trazem as novas flores da primavera.
Acomodei-as ali, para que não sejam simplesmente um monte de letras a bailar nos corpos ainda deitados - Os seus sonhos não são ainda uma janela aberta, porque a noite trancou-lhes o portal do templo das primaveras.
Hoje é um tempo para não esquecer a terra molhada, e os tons pictóricos no alto da serra. Os tojos, os rosmaninhos, o alecrim do monte, e as aves de rapina sonolentas nos seus voos ainda em construção.
Hoje ainda é tempo para dormir, mas amanhã será o tempo do afloramento, do abrir os olhos à luz, que se vislumbra já no ventre da terra.
Hoje quero dizer-vos que trago comigo o renascimento, a verdade dos nossos corpos ainda adormecidos.
Mas, hoje quero ainda comemorar com todos:
- o tempo das sementes lançadas à terra,
- o tempo dos frutos,
- o tempo das melodias que descem a céu aberto, com as primeiras chuvas a correrem pelos campos,
- o tempo das cegadas,
- o tempo da revolta da terra,
- o tempo de um sol na verticalidade dos nossos gestos
- o Tempo dos equinócios todos, dos quais se espera sejam tempos de mudança,
- o nosso tempo, a marcar em cada passo um renascer constante
- que o canto das águas nos seja presente, tal como quando deitados, o nosso cabelo é um vento feito de ervas tenras.
Hoje senti um vento forte no corpo todo. Um vento que não era vento, por trazer no corpo um VERBO em chamas….
(…)
ONIX
Hoje ainda vou a tempo de nos voltar a lembrar do tempo dos olhos abertos à clara luz que enche os espaços fechados.
É sempre tempo do esplendor nos nossos corpos esfomeados.
Há também um tempo a nascer-nos em cada palavra ainda sufocada.
Não me queiram a nomear-nos obras incompletas, quando por morte de um só verso nos nossos pecados.
Ontem clamei pela poesia, e não pelos nomes daqueles que só se enxergam à luz de um nome - POETAS.
Quanto de poeta existe na poesia?
Quanto de poesia existe nos poetas?
Ontem arrefeci as mãos por não saber escrever-vos um poema.
Hoje lembrei dos nomes poéticos que havia esquecido, e por sorte chegaram-me no tempo dos equinócios, que estão para breve nos nossos olhos.
Hoje é um dia diferente, por termos nas mãos os traços ainda verdes das primaveras longínquas.
Hoje quero dizer-vos que deixei as palavras a nascer sobre os olhos todos que trazem as novas flores da primavera.
Acomodei-as ali, para que não sejam simplesmente um monte de letras a bailar nos corpos ainda deitados - Os seus sonhos não são ainda uma janela aberta, porque a noite trancou-lhes o portal do templo das primaveras.
Hoje é um tempo para não esquecer a terra molhada, e os tons pictóricos no alto da serra. Os tojos, os rosmaninhos, o alecrim do monte, e as aves de rapina sonolentas nos seus voos ainda em construção.
Hoje ainda é tempo para dormir, mas amanhã será o tempo do afloramento, do abrir os olhos à luz, que se vislumbra já no ventre da terra.
Hoje quero dizer-vos que trago comigo o renascimento, a verdade dos nossos corpos ainda adormecidos.
Mas, hoje quero ainda comemorar com todos:
- o tempo das sementes lançadas à terra,
- o tempo dos frutos,
- o tempo das melodias que descem a céu aberto, com as primeiras chuvas a correrem pelos campos,
- o tempo das cegadas,
- o tempo da revolta da terra,
- o tempo de um sol na verticalidade dos nossos gestos
- o Tempo dos equinócios todos, dos quais se espera sejam tempos de mudança,
- o nosso tempo, a marcar em cada passo um renascer constante
- que o canto das águas nos seja presente, tal como quando deitados, o nosso cabelo é um vento feito de ervas tenras.
Hoje senti um vento forte no corpo todo. Um vento que não era vento, por trazer no corpo um VERBO em chamas….
(…)
ONIX
quinta-feira, 16 de março de 2017
Há dias
Há dias que me deixo levar
rio afora. Mas, há noites
que vou gruta adentro,
nos silvados dos maninhos
É quando os olhos
me parecem ser dia e noite
no caminho das leiras
junto ao ribeiro de águas frias
e cristalinas
Há dias, que tenho
cheia a boca
com sabores a pólen
de uma flor amarela
Há ainda os dias
que só o suco agreste
das amoras amassadas
pelos meus dedos
me faz escrever um poema
num dos telhados de xisto
Às vezes, inspira-me
a ser nua, tal a esfinge
sempre ousada. Mas, qual
pedra mal talhada
inerte, calada
Há dias que me apetece
ser um só verso fechado
num penedo a abrir-se
quando inspira a serra
a ser poesia deitada
nas sombras do rio
Há dias que m’impelem
a ser só um pouco de serra
e mais um pingo de mel
na minha boca
DM
terça-feira, 14 de março de 2017
domingo, 12 de março de 2017
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017
Ecos
Lá fora
no avesso do mundo
há um rio que deserta
mas chora num lugar
sem fundo
(A lua solta-se breve e costumeira
tal orgasmo do sol a colidir com a noite)
Enquanto se espera
pelo som abafado
das pingas grossas
nas vidraças
tudo é a graça
que por sua Divina Graça
une o céu com a terra
Na serra
ainda a lonjura
do tempo
se mantinha acesa
enquanto o sino
se balançava
irrequieto
por quanto o som
traiçoeiro
se adentrar pelas maiores dores
do mundo cá dentro
Por demais extenuantes
eram os seus ecos
vibração, paixão
talvez até comiseração
por um rio perdido
agora por mares tumultuosos
de obrigação
ou quiçá, pelos altares
onde se ajoelham
todos os Mestres
que trazem a bem aventurança
de todos os tempos
(Calados, frios e sombrios
são todos os tempos do mundo)
E ali
somente as águas paradas
recebiam as mãos abertas
para um todo
inseparavelmente cuidado
como se cuidam
todos os sonhos
quando navegam em águas brandas
até à chegada
das novas chuvas
para regarem os campos
Enquanto isso
o sino tocava às almas
e desprezava uma lágrima perdida
na imensidão do tempo
agora espelhada na pia de água benta
ÔNIX /Dolores Marques, 2016
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017
Circulo
Depois de pisares o círculo de luz, nenhum caminho ficará para trás. Tudo será uma diversidade de pontos luminosos, a saber-te presente, sem passado nem futuro.
Alma
Sou-te Alma....
essa amante de todos os corpos na floresta ainda virgem..
Ainda que me não avistes do céu, sou-te Una em todos os pontos que unem as distâncias...
Tudo será... ainda que nos pareça que é findo o tempo
DM
essa amante de todos os corpos na floresta ainda virgem..
Ainda que me não avistes do céu, sou-te Una em todos os pontos que unem as distâncias...
Tudo será... ainda que nos pareça que é findo o tempo
DM
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017
Inspiração
Quando deixares
de Ser
a minha Fonte de Inspiração
serei eu a tua
escreverás o maior Poema
que a tua Alma,
já sentiu
ONIX(DM)
Baptismos
Era um rio
um rio
que nos enchia por dentro
…e a tirania dos ventos de cima
a encher a cidade
Era tudo menos a verdade
dos baptismos
nas ruas escuras da cidade
Dakini(DM)
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
Colheita tardia
Colheita tardia
Foi há sete anos, mas podia ser em qualquer ano, em qualquer lugar, onde tudo se colhe, quando plantado em terra fértil.
Nem tudo se semeia com a mesma convicção.
Nem tudo se consome com a mesma atitude, nem mesmo a que só a razão conhece.
Nem tudo se adequa ao meio onde uns vivem e outros sobrevivem.
Nem tudo se verga mesmo quando chega o verão. As águas sabem todos os caminhos.
Nem tudo se rega com a mesma devoção, com que se benzem em dias de festa, ou nos dias da missa, e dos pregões.
Nem tudo se vislumbra num horizonte quebrado. Há horizontes onde o numero 7 é o centro para alguns momentos de meditação.
Nem todos os gestos trazem consigo os estigmas de um passado…passado, já que o presente sente e pressente algum tempo ainda em falta.
Nem todos querem chegar aos mesmos lugares; uns são mais altos do que outros; uns são mais pobres do que outros; uns são mais dignos de atenção, e ainda os outros, cujos olhos engordam só com algumas côdeas de pão nas mãos dos pobres.
Quando as sementes apodrecem nas mãos, os dedos crescem e apontam rostos vadios na escuridão.
Foi há sete anos, e o número sete é um número bom.
O Moinho
Célebre no seu vedetismo pelos recantos escondidos da serra do Montemuro e até faz o gosto a muitos olhares. - O Moinho.
Acção vs Reacção
Ficar a olhar para uma porta fechada é não ver e nem ouvir o canto dos pássaros na janela.
A acção quase sempre traz a reacção.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017
Fundos
E o "nosso Rio Paiva" tem destes momentos sublimes. Isto é especialmente um bálsamo para quem gosta de mergulhar, nesta claridade. Por isso não rejeitem estes momentos apaziguadores, assim como o cenário para uma boa dose de loucura por esses fundos todos.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017
Deixem florir os lírios roxos.
Deixem florir os lírios roxos.
No vosso banquete, a festa da vossa boca não é festa sem os lírios roxos.
Não façam chorar os lirios roxos.
DM
Não temas
Não temas o tempo. Ele só te diz o que quer, e faz acontecer quando tiver que ser.
Não temas o vento. Este, nem sempre vem no seu ocasional tempo.
Não temas a chuva. Esta, caminha livre pelos campos, ali onde reside ainda a força dos braços.
Não temas o sol. Este é e sempre será o teu guia. A tua sabedoria escrita nos morros. Ali, onde ainda existe a marca do tempo que precisas para encaminhares as águas.
Não temas as trovoadas, que elas são como um aviso, dos tempos todos em que não gritaste.
Não temas as regras que vêm de cima…de um lugar onde nem os corvos cantam. A morte sempre ali existiu.
Não temas o fogo. Este caminha sempre pelo sítio certo. Acende-te por dentro.
Não temas a neblina, porque ela existe para provocar o choro dos montes.
Não temas nada que esse universo, só teu, te oferece.
Teme antes os elementos castigadores do que sempre te pertenceu:
A ingenuidade, da qual eles se aproveitam.
A simplicidade da qual eles se mascaram.
A força do granito, e pela qual eles te abraçam.
A delicadeza do xisto, só tua, moldado pelas tuas mãos, e com as quais eles rezam, em nome de Cristo, pelos teus pecados.
A fé, com que baptizas a tua terra, seca, árida..
Fica de olho em todos os momentos em que nada acontece.
É o teu tempo de meditação profunda, nesse teu fundo de vida…só teu.
Dolores Marques
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017
Universo alquímico das damas de ferro
O universo alquímico das damas de ferro, nem sempre aceita o ferro fundido.
Só as almas fundidas no universo alquímico dos corpos, aceitam a fusão de todos os elementos, que garantam a ascensão à terra de Hórus.
ÔNIX
Foto: Pormenor convento da Ermida - Serra do Montemuro
Prenúncio
As janelas abertas a cada badalada do relógio, prenúncio de um dia poético, mas incompleto na pele do poema, a insinuar-se nas inspirações herméticas.
As portas, as portas fechadas. O rio parado, parado nos olhos dos caminhantes, e as ruas desertas, sempre desertas.
Dakini (DM)
https://www.youtube.com/watch?v=-BO_6luBp34
Foto em Ribas nas encostas da Serra do Montemuro
Imagino
Imagino um poema
Imagens turvas
perecidas nas
pontas dos dedos
ou sonhos reais
como se fosse eu
um poeta vivo
em puros desvarios
que por certo
serão esquecidos
nas linhas cruzadas
das palmas
das minhas mãos
ou num momento
de loucura
correntes paradas
Dolores Marques, Poemas 2012
Foto na aldeia de Ribas no Montemuro.
Peso do tempo
Sentir o peso do tempo neste lugar é algo de fantástico gravado nas suas pedras.
(ONIX)
Ermida Serra do Montemuro
TU
Sentir-Te em todos os lugares como se não houvesse mais caminhos abertos...só um "Tu" para lá do Portal Maior do Templo.
ÔNIX (Dolores Marques)
Ermida no Montemuro.
Ermida
Sentir a clara "embriaguês" de um sonho nas asas do vento, que sobre as aguas do rio, flui, como se flutuasse sempre nos corpos nus...
ÔNIX
Ermida - Montemuro.
ÔNIX
Ermida - Montemuro.
Intimidade
Ainda que me não existas, sinto-Te na intimidade da linguagem do tempo
ÔNIX
Paisagem natural com um olhar da Ermida, Montemuro.
Não se confundam
Não se confundam
Com as raízes tenras
Que possam vislumbrar ainda
Debaixo das plantas dos meus pés
A terra é funda
As sementes leves
Os rochedos firmes
Os xistos apaziguadores
E os granitos a dura realidade
Dos olhos encovados
Não se confundam com a noite
A nascer-me por dentro
A clara lucidez do sentir
Ainda teima junto ao fogo
Que arde na lareira funda
Não se confundam
Com os dias pares
Que na imparidade de um gesto
A vida cobra quando desce
A Estrela Guia
De todas as noites caídas
No meu colo
Não se confundam agora
Que amanhã é tarde
Para ouvirem o canto
Dos pássaros
No meu telhado
Não se vislumbrem
Com as lágrimas caídas
Que nem sempre a noite
Tece angústias
No verde dos campos
Antecipem o momento
E vivam a derradeira história
Das levadas no cimo dos montes
E ouçam o esvoaçar das águias
Sobre o caminho das águas
Não se confundam hoje
Que à noite o Sete-Estrelo
Copula com a Estrela Guia
E o parto é o presumível sonho
Do vosso sono
Não queiram arrancar raízes
Onde elas cessaram
Por conta de uns poemas
Que meus pés escreveram
No chão que pisaram
Ouçam agora o último grito
Dos rebanhos
Sobre o verde da erva
Dos lameiros
E não se confundam
Pois o tempo melodioso
No badalo do sino
A dançar sobre os meus pecados
Ainda não cessou
Dolores Marques.
Dedico a Glória Ferreira, minha Tia, que se encontra já debilitada, com os seus 96 anos.
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