sexta-feira, 22 de abril de 2022

Tenho medo


 Estão as portadas fechadas

E eu tenho frio..

Muito frio dos lugares inóspitos

E medo, muito medo dos açaimes brancos

....

Vivo na história dos chacais

Sou libertina de  um costume antigo

Tenho o corpo feito de metais

Boca de sangue e ferro

E os braços presos nos matagais


Tenho medo, muito medo

Das colinas onde me esperam

Outras histórias, 

Visionárias de novos mundos


Mas tenho medo, muito medo

E os braços presos nos matagais


....

Do livro "Uivam os Lobos"

Dakini

quarta-feira, 16 de março de 2022

Nos caminhos das águas


Honrar o trabalho dos nossos antepassados, é preciso. O que uns se lembram do tempo que por ali andaram de enxada na mão, e infelizmente outros teimam em esquecer para proteger caprichos abomináveis...por se tratar de ganância desmedida.
Ainda sobre a temática água, água de regadio, cujos tubos colocados por alguns nas nascentes que devem servir todos, impede a água de correr livremente pelo solo, com todas as consequências negativas, que daí advêm, quer para a continuidade de outras nascentes, quer para o solo, quer para a preservação do ambiente no seu estatuto natural de montanha, quer para o povo da aldeia que estará nos próximos anos condenada a ficar sem água para regar ou beber ....
Obrigada ao meu primo Abílio por mais este esclarecimento.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Levadas em Moção


 Colocam  tubos no rego das levadas ? Não me cala este feudalismo,  a querer renascer das cinzas do novo tribunal em Moção.

A liberdade ainda não se avista, o fascismo colado à pele, não se limpa nem com esfregão de arame. 

Agora a colocarem tubos no rego das levadas, anulando tudo o que foi Lei para  sobrevivência desde que "o mundo é mundo", por aqui.

Partilhas centenárias, usos e costumes agora acorrentados em tubos.

Como semear versos num corpo com fome de terra e sede de água?  

Escreveram os lobos, em  solo seco e pobre da Serra do Montemuro, sem direito a matar a SEDE.

Os tubos espalhados pelo Monte da minha aldeia, que trazem água das nascentes, além de privarem o rego das levadas do seu caudal normal para regadio, são também um insulto ao próprio ambiente natural e de montanha. Um atentado contra tudo e todos:

À natureza

Ao ambiente

À montanha

Aos lobos

Às terras 

À aldeia 

Às pessoas, que já não têm água suficiente no rego das levadas, para regarem as terras.


Qual será a parte que não entendem, os que me têm vindo incomodar nas minhas publicações, quando isto é tão óbvio, como por exemplo, irem beber água à Fonte, e esta se encontrar entubada, só para matar a sede de alguns.

 Num futuro próximo, à conta de água  enclausurada no tempo, ficarão também as pessoas que cometem tais atrocidades, contra tudo, todos e a própria natureza.




Ditadores


 

Senti o peso da ditadura, sim. Era um tempo de miséria, onde todos comíamos da mesma gamela e bebíamos de um tubo de ensaio.

Entretanto, José Saramago escreveu "Ensaio Sobre a Cegueira" e depois, "Ensaio Sobre a Lucidez".

Ouvidos os discursos políticos de outrora e de agora, parece ter parado o tempo. E meus caros, a ditadura e o fascismo encobertos, vão levantando o véu a descobrir a falta de liberdade de expressão, aquela a que tenho  sido sujeita nestes últimos meses, por me insurgir contra tudo o que me parece ainda um tempo de feudalismo.

Estamos então muito atrás no tempo, que me parece até um Salazarista retrógado este tempo.

Não sei até quando, mas tenho fé na vida, e que tudo seja natural, até a forma como matamos a sede nos matagais.

Se estivermos atentos, tudo isto acontece no nosso meio, onde temos que renascer a cada momento ao perceber que são os nossos iguais, os piores ditadores.....

Caderno diário


 Muros, murais e outras coisas que não lembro, enquanto escrevo sobre um malfadado ponto final no meu caderno diário.


Sábios os donos de uma casa sem tecto. 

Poderão avistar outros mundos, e, talvez o verdadeiro mentor das palavras não escritas mas sentidas dentro ou fora dos muros.

Escrevo o que por sorte me calhou à sorte. 

Saberão os escrivas do mundo como escrever num chão de água, onde se encontram reflectidos os donos da casa de baixo, sem janelas, nem portas, tão-pouco um telhado outrora construído com lousas de xisto?


Saberão os mentores da nova Era, como identificar sinais doutos, assim como os caminhos que os levarão à terra seca, gretada, dorida.

A água secou, e a humildade com que a bebiam, gota a gota, é agora um acto único de amor a uma flor que murchou.........

......... Continua a ler, se puderes, o que ficou em branco, que me tocas como alguém nunca me tocou.

domingo, 23 de janeiro de 2022

Sonho


 

A Serra do Montemuro....um sonho aniquilado desde a fonte.

A água desviada das nascentes, precisa correr livremente pelos regos.

Libertem as nascentes do aquário.

O tempo, sendo galopante reduz os riscos de um apego doentio, àquilo que nao nos pertence. 

Há 10 anos era o tempo de algumas correntes, que me iam manipulando, no seu percurso pouco fiável, mas, ainda assim, só livres dentro de um aquário....

Hoje, o tempo é o de previsíveis loucuras, sendo a liberdade, não uma alucinação, mas uma visão clara de Horus.

E não, não me queiram amarrar, calar, cegar, anular. O tempo, sendo galopante, também deixa marcas profundas, difíceis por vezes, de ver, aos que vivem sob o efeito contrário dos ponteiros do relógio.

E, sendo imprevisível, livre o serei para denunciar actos ilícitos, contra pessoas e bens, a natureza no seu curso normal e naturalmente original.


DM (Dakini)


sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Memória


 

Liberto-me do peso da memória, às vezes um peso morto, como se a montanha me engolisse na sua fome de inverno.


Escrevo porque não há forma a dar ao pensamento suspenso....


Onix.dm

Foto em Moção.

Infelizmente este cenário já não é o mesmo. Este sótão desapareceu

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Limites



Assustadora a fealdade devota dos fiéis, figurantes sem estrutura, mas suportando a velha e erudita questão:

- Que são nos limites?

Não há limites para a sagacidade própria de um ser proeminente...ausente...

 (Onix)

fotos num dos lugares mágicos meus....

Meus conhecidos do Rio Paiva. Aprendi a nadar no rio. 

Os lugares dos baptismos com água benta de ambos os lados, em baixo e em cima













sábado, 15 de janeiro de 2022

Solidão das luzes


 Solidão das Luzes


Perco-me entre muito do que penso, sinto, e há vezes, que de mim me afasto. Não posso, não quero, não me devo nada e nem o caminho. Devo, sim, andar! 

Andar de mãos dadas e dar-me por fim, ao fim.


Tenho, às vezes, cá dentro, alguém que me grita de um lugar que não conheço, mas, acabo sempre por voltar a ser eu na origem, sentindo a dor dos lugares de ontem.


Percorrida a enorme estrada, sentida a imensa partilha do nada, parto com tudo o que me afasta dos inúmeros negrumes constituídos à força de um desejo maior.

Desejo fomentado pela razão dos equívocos que vestem ainda os corpos. 

Corpos que nunca vão nus pela vida, e se repetem em linguagens amorfas.


(Desvinculados, mas iguais no sono, não sonham)


Dormem somente o sono que desenharam nos olhos, uns dos outros.

Vivem o sonho tripartido. Vivem e morrem entre um sorriso que lhes ficará para sempre na memória.


(E a memória é curta na maior viagem tão longa)


Perco-me em agonias, em lamentos, em lágrimas...

Descoloridos os olhos, regresso ao meu sono de sempre na solidão das Luzes.


Só como sempre fui, subirei ao ponto mais alto da noite e aplaudirei de pé a longínqua paisagem murada.

A única viagem mais curta a um passo daqui, e eu vingarei o dia que foi passado, presente e futuro, mas sem noite que o ilumine junto das estrelas.


Clara como a água é a madrugada. Cai a chuva num pingar dúbio sobre a luz reflectida na janela, porém, inúteis os momentos que nos levam à rua quando a chuva cai, ao regressarmos, sem bebermos, pelo menos uma gota dessa dádiva dos céus.


Perco-me entre todas as vontades e durmo.

Durmo, enquanto te procuras por caminhos certos de passagens comuns, de fácil acesso aos lugares.


Onix. (dm)

domingo, 9 de janeiro de 2022

Aldeia esquecida


 Por enquanto na serra do Montemuro, Moção, continua a ser uma aldeia esquecida. Ainda existe água presa nos tubos. Água das nascentes, cujas partilhas antigas serviam as terras através do rego das levadas.

Por enquanto, não existe água das nascentes  a correr pelos regos antigos. 

Por enquanto, temos, e só, o desfloramento do  elemento água, cujo rosa-sangue, ainda está preso à virgindade das nascentes. Por enquanto, ainda é só isto, ligado à Fonte de Vida. A Fonte é, e será sempre a origem.

Por enquanto na serra do Montemuro.

Ainda há tanto....por fazer.

Escreveram os lobos

 Como semear versos num corpo com fome de terra e sede de água?  

Escreveram os lobos, em  solo seco e pobre da Serra do Montemuro, sem direito a matar a SEDE.

Os tubos espalhados pelo Monte da minha aldeia, que trazem água das nascentes, além de privarem o rego das levadas do seu caudal normal para regadio, são também um insulto ao próprio ambiente natural e de montanha. Um atentado contra tudo e todos:

À natureza

Ao ambiente

À montanha

Aos lobos

Às terras 

À aldeia 

Às pessoas, que já não têm água suficiente no rego das levadas, para regarem as terras.


Qual será a parte que não entendem, os que me têm vindo incomodar nas minhas publicações, quando isto é tão óbvio, como por exemplo, irem beber água à Fonte, e esta se encontrar entubada, só para matar a sede de alguns.

 Num futuro próximo, à conta de água  enclausurada no tempo, ficarão também as pessoas que cometem tais atrocidades, contra tudo, todos e a própria natureza.


Tempo do grafitti

 

Por entre escombros e ruínas, sucumbe o tempo do grafitti...daqui de Lisboa um grito de revolta, porque perto, os caminhos dos lobos....

E perto, os caminhos das águas

E perto, as lembranças minhas, de uma serra a gritar, "SOCORRO, salvem-me das mãos criminosas do elemento humano, que insiste em secar as nascentes de água".

À natureza, o que é da natureza.

À montanha, o que é da montanha.

Aos lobos, o direito de matarem a sede.

Às pessoas o direito a terem água para regarem as TERRAS.

À aldeia, Moção, em Castro Daire, o direito de poder sobreviver, ainda que esquecida por quase todos.

Nem só de pão vive o homem

 "Nem só de pão vive o homem", dizem, mas os elementos da natureza, precisam uns dos outros, libertos das mãos que os acorrentam.

Aqui neste pedaço de céu e terra, estão a ser crucificados por pseudo-poderosos dotados de pouca humanidade...

A água das nascentes, presa, sufocada no meio dos montes, e o que resta dela, condenada ao mesmo destino, anulando desta forma o rego centenário das levadas. Continuam os crimes contra a natureza, e o ambiente de montanha 

Nas igrejas e nas capelas esquecem as orações, coladas nos lábios dos pecadores. 

Enquanto isso, come-se o pão de ovos cozido no forno onde o fogo se propaga, por enquanto, brando.



terça-feira, 4 de janeiro de 2022

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Unidos em prol de um bem comum

 Unidos em prol de um bem incomum



Nascente de água, designada de "Fonte da Poupa",que reza a história de muitos, que a viravam no dia 24 de junho, para se juntar a outras nas levadas, até 29 de Setembro. Alguém na aldeia vizinha, Desfeita, descrevia a cena, com um real testemunho, que eu via como se estivesse nos locais.


- no dia 24 de Junho, subiam três homens lá acima para virarem as águas para o barroco (levadas), e assim se cumpria mais um ritual sobre o trabalho da rega. Um, ia para as "Lamas", outro, dirigia-se para "Cal de Espinho":e o terceiro, rumava à "Fonte da Poupa".  Depois de viradas as águas, o ponto de encontro era nas levadas, esperando encher o caudal. Regressavamos então, juntos, à aldeia. A partir desse dia não se mexia nos talhadoiros, até 29 de Setembro.

Claro está, que nascentes  em terras privadas, como é este caso,  os donos abdicavam dela neste período de verão.

Alguém me dizia assim: " isto é, ou assim foi desde que o mundo é mundo". Uma questão antiga que fará parte dos usos e costumes.


Tragédia....!!!! Alguns não se lembram, apesar de apresentarem sinais de muita lucidez. Surpresa? Não, nada disso. 

Unidos, alguns, em prol de um bem incomum, água, que corre agora pelos tubos, colocados perto das nascentes de regadio, com destino as suas casas ou terras.


Ónix.dm

#agua# #regadio# #aldeia# #mocao# #Montemuro# #castrodaire# #levadas#


Ideias brilhantes


 


Ideias brilhantes nem sempre brilham, quando se colocam máquinas à frente do nariz, para alargar um caminho, sem se saber muito bem porquê. Este caminho está praticamente  esquecido, digo mesmo, desprezado, pois parte dele nem os tractores percorrem e as caminhadas dos caminhantes são feitas no alcatrão da estrada logo acima. 

Agora, até é depósito de lixo, e de animais mortos em sacos de plástico. Talvez por isso as caminhadas no alcatrão. Aconselhei os ditos caminhantes, de que nada melhor do que caminhos antigos em terra, ladeados de arvoredo, para a saúde, física e mental. O alcatrão é para quem não tem alternativa. Como Santos de casa não fazem milagres, quem sabe alguém de fora, possa convencer e  fazer um pequeno milagre acontecer, até para os dois sobreiros em risco.

Parte do muro de pedras, que separa as tojeiras de particulares, foi destruído e não reposto. Estes dois sobreiros,  árvores, protegidas estão com as raízes à mostra, quase em derrocada, como já foi o caso de um pinheirinho. Alguém ganhou com a lenha.

Se o objectivo era alargar caminho, não se percebe tal ideia brilhante a derrubar as árvores sem dó nem piedade, e a fazer do caminho um cemitério ambulante dos seus animais mortos.

Importância histórica de Moção

 



A importância histórica da aldeia de Moção, na serra de Montemuro, Concelho de Castro Daire, tem vindo a cair miseravelmente, por entre o foral, que ainda é um marco na sua parca existência.

A natureza dos elementos que lhe dão ainda alguma vida, não se coaduna com o meio envolvente, e, por isso, luta contra um rego de água mal distribuído.  Os elementos mortos à nascença nos seus propósitos maiores, junto ao altar, onde a santíssima trindade ainda é conselheira no travesseiro.

Os quatro elementos da natureza, entrarão em colapso, quando o quinto elemento estiver armado para uma guerra sem tréguas

Mas a tríade que dorme na capela, sendo esta um templo ainda de pé, sem esquecer os devotos, vai esquecendo os  Usos e costumes de águas de regadio, sendo agora uma partilha, muito injusta, a travessia dos tempos modernos, pois se as nascentes já não enchem o rego das levadas como outrora. As terras sem água, as pessoas recebem esmolas de quem as tem em abundância.

As nascentes de água estão a ser desviadas, por tubos pela Serra, até às casas  dos prevaricadores, detentores agora de uma grande parte da água que devia ser de todos, no verão.

Lobos na serra do Montemuro para morrerem de sede, não por favor. 

A natureza defraudada e molestada nas suas veias entupidas, precisa ser protegida.

As pessoas precisam resgatar o que é seu por direito, e dizer não a esmolas. Água é fonte de vida, e, por isso, livre para todos, terá que ser libertada dos tubos, sob pena de nos  tempos vindouros, secarem as nascentes.

De resto, os Santos e Santas não dormem, aínda que a capela seja o seu dormitório ambulante... prestes a ruir.


Nascente da Fonte Fria

 Última parte das nascentes de água, cujo lugar é nas Lamas. Lamas, um grupo de terras localizadas num ponto da serra acima das levadas, e que regam com água, cuja nascente tem lugar numa propriedade privada, neste caso minha família. 

Contudo, pelas partilhas antigas, e segundo os usos e costumes, a mesma vai para o rego das levadas de 24 de Junho a 29 de Setembro. Aí, será dividida para duas aldeias, juntamente com as restantes.

Não podemos esquecer algo importante. Apesar desta água ir em tubo para a aldeia, colmatar a falta da outra, ela é das TERRAS nas  Lamas para os herdeiros das TERRAS regarem no local. Nunca foi o destino dela, a aldeia. O destino dela era e é  a aldeia de Desfeita. As terras, localizadas na aldeia em Moção, não recebiam estas águas. Recebem agora!

Portanto, duas aldeias beneficiam dela, como todos sabem, porque a vão virar.

E é isto tudo que muitos preferem não querer saber. É mais fácil virar costas aos usos e costumes, e levarem água por tubos


Por onde andas Liberdade?


 


De novo em Lisboa, com memórias acesas pelas ruas. Os que  antes eram "miseráveis livros", agora são "lastimáveis livros", os meus livros, avaliados sob forma de anonimato. Será um pseudônimo, pseudo poderoso, ou pseudo-poeta, ou somente alguém com medo?

Coitados dos livros, que lamentavelmente, se abrem aos olhos de uma cegueira maldita, ainda sem ensaios, sob o poder de um jugo amaldiçoado.

Coitados dos riscos nas paredes de xisto, aínda à espera,  para uma tertúlia bem ao jeito  de orações na capela.

Esta é a forma bizarra, nunca escrita em livros de cabeceira, por minha vontade. A minha vontade não conta. Sou só um livro de alguém da terra, até chegar a tinta da caneta,  para passar a escrever outras vontades, expressão da minha memória, ainda que sejam utilizados para taparem boeiros de poças, cheias de água  que deverá ser de todos. 

Ameaçada sob pena de julgamento no banco dos réus, e ao que parece, a liberdade está também prestes a entrar pelo cano. Querem calar a minha boca.

Quando eu estiver no banco dos réus,  irá revelar-se o óbvio, ou somente o valor da água destes tantos anos, enclausurada?

E não é que me veio agora à memória outro facto não menos importante, julgado e condenado por um crime, sem provas, ainda hoje anunciadas?


Dakini

Onde nem os lobos uivam

 Onde nem os lobos Uivam


Na Casa de Cima, onde todos devíamos ser livres de nos exprimir, e de nos ajoelharmos para beber nas nascentes de água, que se encontram amarradas ao tempo de um feudalismo arcaico, e esperam ser libertadas, após anos e anos, de cláusura.

Escravos dos tempos modernos, são agora, todos os sem Terras semeadas e regadas.

E porque nem tudo é o que julgamos ser, sequer a liberdade, através da qual nos é dado o boletim de voto, votamos branco, não vá  o diabo tecê-las, no presente testemunho deste enredo.

A liberdade ainda não deve ter passado por aqui, e nem a água é corrente que passe livremente pelos regos, onde os nossos antepassados caminhavam descalços.

Agora, desprezado é o caminho, tal como o idoso que, somadas as pegadas que deu, ainda esperam para o seguir na sua última viagem. E espera-se e desespera-se que estando ele com os pés para a cova, uma nascente de água nasça nos seus olhos, secos agora de lágrimas correntes, baldias.

Agora, a liberdade é uma página em branco de um livro, onde se pode colar a palavra, Anarquia.

Agora, a poesia é tao presumível, como uma corrente vadia, à excepção dos versos com rimas, leitura breve de cabeceira a contar os trocos que renderam tais façanhas da alma, ainda à espera do poema sentido.  Os poetas já não bebem, nem da nascente baldia, porque sendo tudo anárquico na leitura da verdade ou da mentira, os livros caminham lado a lado, numa fogueira de orgias virgens, ainda sem destino marcado.

Por onde andas liberdade, através da palavra de ordem natural e digna de matar a sede  à justiça?

Preciso levar a água ao moinho, como sempre foi, pelo rego das levadas, agora desprovidas do que é e sempre foi seu por direito de partilhas e usos e costumes de um povo.

Por onde andará a liberdade agora aprisionada nos tojos e nas carquejas de um pedaço de serra, onde nem os lobos Uivam?


Por onde andas Justiça, com a água que é de todos?


Onix.dm


Moinh

 Preciso mesmo levar a água ao moinho, como sempre foi pelo rego das levadas....

Moinho

Triste

 Os meus "lastimáveis livros", comparados a "histórias da carochinha", por um autor de beneficência alheia, anónimo, foram adquiridos pelo Município de Castro Daire.


Enfim, quando alguém conterrâneo, fala assim de um livro que descreve o povo Montemurano, e a própria Serra, só porque foi uma autora da terra a escrever, está tudo dito.

Até porque, já tentei escrever umas histórinhas, mas não deu certo.

Talvez a próxima história seja do agrado de alguns, porque  preciso mesmo levar a água ao moinho, como sempre foi pelo rego das levadas....

Libertem as nascentes de água que são de todos.

Liberdade


Quando tens força, determinação, vontade própria e liberdade de expressão, é difícil ver isso tudo a entrar pelo cano, quando tudo o que vês, é um ajuntamento de ideias canalizadas, sem se saber bem para onde..

Soltem as correntes demolidoras do pensamento. Bebam água das nascentes, que nunca a origem foi de tão fácil acesso.

Onix dm



 

Memória

 Preciso encontrar no meio da folhagem, o verde da minha memória, sem a vil lembrança de um furacão.

Preciso resgatar memórias, limpar o sangue que corre ainda da Virgindade


das estações.

Preciso esquecer os morcegos, que sobrevoavam os meus sonhos.

Preciso, e quero ainda, sentir o cheiro do crepitar da lenha na lareira.

Quero acreditar que somos todos melhores pessoas, e que as missas na capela, terão água Benta suficiente para limpar das mãos, o semen  do pecado ainda colado às mãos.

Quero sentir o peso da noção, ser oriundo de Moção.

Justiça


 

Justiça que é de Deus


Como serás advogado de defesa dos murais onde escreveste um dia, leis que protegem somente os infiéis? 

Como derrubar os muros, onde acorrentadas foram as ideias dos crentes em Deus, em nome de uma justiça manca, com o peso do corpo descaído, pendente num só prato da balança?

Como psicólogo, nunca foste bem sucedido, porque confundido com a aliança entre os claustros e a procissão, deste sentença de morte à tua mente descrente na justiça que é de Deus.

Esquece os livros e volta à tua essência feita de terra e água, e fogo e ar.

Depois, podes finalmente respirar a ordem dos elementos, no espaço que é só teu....

.......


DM.onix

Desflorestamento de água



 

Por enquanto, temos, e só, o desfloramento do  elemento água, cujo rosa-sangue, ainda está preso à virgindade das nascentes. Por enquanto, ainda e só isto, ligado à Fonte de Vida. A Fonte é, e será sempre a origem.

Por enquanto.......

Ainda há tanto....



Dakini Dakini

Feudalismo


 

Ao feudalismo ainda a rebentar, junto de alguma nascente de água, eu digo, NÃO!!!

Ao novo poder instalado e liderado por quem  julga possuir a personalidade de um verdadeiro caminhante da montanha, eu digo NÃO, que alcateia alguma o seguirá.

Os seguidores são ainda alguns carneiros com cheiro a leite nas ventas, que ovelhas negras nunca lhe serão, nem madrastas.


Ao  rebento mais novo, nascido de algum talhadoiro, onde ainda exista água para desviar  pelos  caminhos dos lobos, eu digo NAO!!!

Ao triste poder,  cuja aldeia, Moção, teve num passado remoto, quando sede de concelho, e lhe foi atribuído Foral, eu digo NÃO!!!


Ao que parece, ainda existem machos feudais, e fêmeas com correntes amordaçadas ao leito, onde a boca só se abria em momentos de prazer, quando o filho bebê lhe sugasse o leite materno nos seios, agora cheios de uma verdade, que não sabe ainda de um  presente,  que é o séc XXI.

A liberdade ainda não passou neste descampado com  sementes secas e pobres, que são gente enclausurada no tempo.


Dakini

Passos



Fui contando os miseráveis passos que alguém deu, atentando contra a natureza, molestando o ambiente de Montanha, desde Moção, aldeia onde nasci e cresci, passando por perto das levadas, subindo até às nascentes de água baldias em Cal de Espinho, sendo elas,  Romana, Cuverno, Superao...etc, assim como nascentes em terrenos privados, as Lamas, e Fonte da Poupa, depois Ribeirada, e que por partilhas antigas, usos e costumes, enchiam as levadas no período de 24 de junho a 29 de Setembro.
Agora tudo é anarquia, nada se respeita e os tubos de água serra acima, convidam a uma refrescante perda de memória dos tempos, (em alguns casos) onde a água corria livremente por aquele longo percurso, quase até à Póvoa.
Agora as nascentes sufocadas, gritam quando borbulham, num choro ardente dentro dos tubos. 
Enquanto isso, pessoas há, que esperam e desesperam, mas vêem água em abundância levada por fora do rego mestre das levadas.
Isto é prova cabal de um procedimento cirúrgico nas contas da água, que por fora não pagam imposto devido, a quem ela também pertence, ao povo, como aliás já é praticamente em tudo.

E, tal como a água arde através das lágrimas quentes dentro dos tubos, o Estado fica a arder com os impostos devidos na compra dos tubos de plástico, tal como nos  trabalhos pagos, quando executados.

Onix

Café na casa de cima?

 Café na "Casa de Cima"?

Isto está tudo mais tranquilo. Depois do vento soprar de forma antiga, já quase esquecida, a chuva trouxe o seu filosófico costume, amainando as raízes secas, por montes cerrados. Parecia querer dizer algo dos mundos internos, o lugar onde se guardam memórias.

Eram uivos ruidosos, largados pelas calçadas.

Agora, a mãe Deolinda, parece querer aproveitar todos os tempos para tratar da terra. A horta é a sua prioridade. Os passados anos das couves, foram como  cuidadora do pai José, falecido faz dois anos, daqui a dias.

Dm


Renascerei

 “Quiseram-me enterrar. Mal sabiam eles que eu era semente”


Quiseram cortar-me as asas. Mal sabiam eles que:


“Vou (re)nascer quantas vezes for preciso e…

(re)descobrir todos os caminhos possíveis”


Tudo de bom para todos foi que sempre desejei, e assim irei continuar….



Sinais da viragem das águas


 

Fonte fria, águas nas lamas


 Quando tudo tem um fim e nada no horizonte, para acalmar e adoçar os últimos anos de vida de quem tanto lutou para preservar a Terra e as terras



domingo, 2 de janeiro de 2022

Vôos rasgados

Os voos rasgados 

dos pingentes verdes 

nos ramos

a beberem do burburinho

um céu de lágrimas

ali despejadas


As asas sarapintadas 

do d’ouro trigo das searas

o doce incenso dos fenos

que dançam descuidados

no pico alto das levadas


Dos fundos

nasce um novo fundo

a declinar o apego

às correntes desalmadas


Cálidos os suores frios

nas mãos inflamadas 

submetidas à sorte

de outras sortes enamoradas


E os sons…os sons

inaudíveis das margens 

estilizadas, ali profanadas


Dolores Marques