segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Fluxos Migratórios - O resistentes (cont)





José Marques e Deolinda Paiva

Após o fluxo migratório que levou muitos para vários pontos da terra, desde Brasil e França (com maior incidência nos anos 60), logo seguida de Lisboa, onde os meus pais se incluem.


Os meus pais viveram cerca de 30 anos em Lisboa, mas é na aldeia que estão, desde que decidiram regressar. Muito fizeram pelas suas terras, que sempre cuidaram para que não ficassem de velho.
Ainda hoje quando cá venho me dirijo a alguns locais, onde posso constatar os vestígios das suas mãos ainda quentes, a não deixar que o mato avance e as silvas tomem conta da relva fresca. O meu pai gosta de cuidar das videiras; podar, atar, sulfatar e depois as vindimas. A minha mão foi a primeira mulher na aldeia a quebrar com o mito, de que há trabalhos específicos para mulheres e outros para homens. Assim, a aprendeu com meu pai a podar e a atar as videiras. Lembro um ano em que estava de férias, em que tentei aprender, mas logo desisti, preferindo, deitar-me a olhar o céu, lembrando os tempos de menina, em que ia com o gado para os lameiros e me deitava e rolava na erva.

É em Lisboa, que vivo desde os meus 10 anos de idade, onde estudei, constitui família e trabalho. Surge aqui uma nova geração, a minha, que decide então aventurar-se na busca de melhores condições de vida. Os que ficaram na aldeia, resolvem sair já adultos, e desta feita, é Suissa que os recebe. Continuo sempre que venho à minha aldeia, a tentar saber que é feito desta e daquela pessoa. Uns família outros não, todos se foram, todos eles tentaram sair deste ermo, onde só o vento sabe de todos os caminhos, só a brisa sabe de todos os afagos nocturnos, quando a lua quase nos roça as cabelos.

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