Dolores Marques
A viver em Lisboa desde os 10 anos mas nunca esquecendo as suas origens. Sempre teve a necessidade de fazer outras coisas que não as de sempre, num período da sua vida, aceitou o convite para integrar o grupo folclórico e etnográfico da Casa do Concelho de Castro Daire em Lisboa, onde permaneceu cerca de 3 anos. Mais tarde foi impulsionadora na criação de um grupo de música tradicional portuguesa, com alguns elementos do rancho e outros que entretanto conheceu, tendo-se mantido este grupo apenas um ano, mas com um trabalho representativo dos cantares tradicionais da sua região, entre outros.
A fotografia é também um foco de interesse, focando-se ora na paisagem granítica da Serra do Montemuro, ora nas correntes do Rio Paiva, que passa próximo da sua aldeia, ou então; captando expressões de rostos, que com a terra convivem e dela tiram o seu sustento. Na cidade, os becos, os grafitis, as quintas abandonadas, os palacetes antigos, o rio Tejo são o que mais atrai a sua objetiva.
“Aldeias da minha cidade” o título que tem dado aos últimos álbuns de fotos publicadas; são exemplo de que existe um fio de ligação entre a cidade e o campo, que ainda se mantém. O que se pode observar também, em outros álbuns a que deu o título de “Fragmentos do tempo”.
O primeiro livro de poesia “Olhares” surge em 2008, revelando assim o início da sua escrita. Neste livro nota-se já, uma forte ligação à sua terra natal e a todo o ambiente onde cresceu e passou a sua infância - A Serra do Montemuro, assim como o Rio Paiva, são imagens recorrentes e aqui descritas de forma simples e natural, tal como era a sua escrita acabada de nascer, havia poucos anos.
Logo após regista-se no site da editora WAFF onde inicia a publicação regular dos seus poemas, seguindo-se o site Luso-poemas. Site este; onde nos conhecemos e a Dolores foi um elo importante na minha escrita e naquilo que hoje sou na escrita, foi ela a impulsionadora para a minha primeira participação num livro; com a antologia Tu cá Tu Lá em 2009. Esta antologia nasce de um blogue, que a Dolores criou com o objetivo de unir autores e divulgarem as suas escritas. Criamos uma ligação de amizade e ajuda mútua, onde me foi permito conhecer a mulher para lá da escrita. Uma mulher com a força das suas palavras na vida.
“Subtilezas da Alma” foi o seu segundo livro de poesia editado em 2009 e o seu primeiro em prosa “Às Escuras Encontro-te” aconteceu em 2010.
Comecei a ler Dolores Marques, após edição do seu primeiro livro “Olhares”. Um livro de poesia simples e fluida aberta a todos os leitores.
Seguindo-se o livro “Subtilezas da Alma”, e alguns textos em prosa publicados nos sites que fazia parte, realça o seu interesse por uma filosofia oriental, período em que se dedicou a estas, e que complementou com a primeira e segunda iniciação em Reyki. Fez o primeiro nível de Sistema de Corpo Espelho, e inicia a prática de Taichi/Chikung
Os temas que apresenta na sua escrita vão-se alterando com o passar do tempo, querendo dar ao leitor e a si mesma a autora e não a mulher, Dolores Marques inicia uma separação da sua escrita:
Dolores Marques desaparece dando voz ao perfil “Ônix” - Matilde D’ônix.
Pouco tempo depois surge Dakini. A necessidade de revelação de um Eu mais realista; mais terra, mais ar, mais fogo, mais água. Um todo, tendo como ponto-limite, um ponto no espaço infinito. Um céu maior. Os fluxos migratórios das gentes da terra provocaram o seu encontro com a cidade onde vive há cerca de 50 anos. Mas mais uma vez, volta às origens e nota-se em Uivam os Lobos e outros textos que a sua inspiração vem de lá das terras altas.
Mais tarde, surge com outro perfil “Epifania”. Aqui manifesta-se um Eu oculto, que se revela em vários momentos da sua escrita. As publicações são na sua grande maioria em prosa, e os temas muito diversificados, ora terra, ora ar, ora fogo, ora água. Após questionar a autora sobre este perfil, que se manifestava de forma irregular na sua escrita, sendo que algumas pessoas inicialmente não entendiam muito bem se eram duas ou se só uma naquele perfil. Pessoalmente gostei muito deste pseudónimo e das duas vozes que “falavam” ao leitor.
Confidenciou-me que levou algum tempo a entender quem dialogava com ela e a levava a escrever aqueles diálogos e que só poderia ser Dakini. Podemos aceitar que nos diálogos de Epifânia, a Dakini aparece e desaparece como por encanto? É que pelo que percebi, Epifania tem estado muito silenciosa. Será que ficou zangada, por este livro ser da Dakini e não dela própria?
Resumindo e pelo que já conversei com a autora, sobre estes pseudónimos, eles não foram pensados nem idealizados, foram surgindo consoante as variações da sua escrita e que segundo ela, serviram para separar a escrita, nos sites tal como a tinha já separada e com os devidos nomes. Dando a quem a lê a multiplicidade criativa de uma mulher \autora construtiva e diversificada.
O seu maior orgulho de agora; os seus 3 netos, Guilherme, Afonso e Tomás
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