Há dias que me deixo levar
rio afora. Mas, há noites
que vou gruta adentro,
nos silvados dos maninhos
É quando os olhos
me parecem ser dia e noite
no caminho das leiras
junto ao ribeiro de águas frias
e cristalinas
Há dias, que tenho
cheia a boca
com sabores a pólen
de uma flor amarela
Há ainda os dias
que só o suco agreste
das amoras amassadas
pelos meus dedos
me faz escrever um poema
num dos telhados de xisto
Às vezes, inspira-me
a ser nua, tal a esfinge
sempre ousada. Mas, qual
pedra mal talhada
inerte, calada
Há dias que me apetece
ser um só verso fechado
num penedo a abrir-se
quando inspira a serra
a ser poesia deitada
nas sombras do rio
Há dias que m’impelem
a ser só um pouco de serra
e mais um pingo de mel
na minha boca
DM
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