Os Resistentes I - Abílio Ferreira e Maria do Carmo Dias
Pretendo dar a conhecer alguns casos de pessoas desta e de outras aldeias e localidades a sair para outras terras, outros mundos, indo ao encontro de uma vida mais satisfatória, quer a nível financeiro, quer a nível cultural, (embora este último, ficasse aquém das preferências da grande maioria das pessoas, que viviam sem grandes ambições a este nível, pois o seu interesse era sempre baseado no apego que tinham à terra e ao que dela poderiam retirar para a sua sobrevivência). Lembro mais uma vez a minha Avó Lívia, a minha Tia Glória, a minha Tia Zeca entre tantas outras mulheres, que ficaram só com com a responsabilidade de educação dos filhos sem nunca desistirem, actuando sempre no sentido da preocupação em manter os seus bens e aumentá-los.
Pretendo dar a conhecer alguns casos de pessoas desta e de outras aldeias e localidades a sair para outras terras, outros mundos, indo ao encontro de uma vida mais satisfatória, quer a nível financeiro, quer a nível cultural, (embora este último, ficasse aquém das preferências da grande maioria das pessoas, que viviam sem grandes ambições a este nível, pois o seu interesse era sempre baseado no apego que tinham à terra e ao que dela poderiam retirar para a sua sobrevivência). Lembro mais uma vez a minha Avó Lívia, a minha Tia Glória, a minha Tia Zeca entre tantas outras mulheres, que ficaram só com com a responsabilidade de educação dos filhos sem nunca desistirem, actuando sempre no sentido da preocupação em manter os seus bens e aumentá-los.
Também o número de terras e bens, foram durante muito tempo, a revelação de quem era mais ou menos importante, nas aldeias. Era sinal de riqueza.
Para iniciar estes testemunhos, não posso deixar de falar primeiramente duma história que me é conhecida através da minha família. Irei então começar por escrever sobre Abílio Ferreira e Maria do Carmo Dias, meus bisavós maternos, avós da minha mãe Deolinda Ferreira; emigrantes para o Brasil em finais do século XIX.
Para iniciar estes testemunhos, não posso deixar de falar primeiramente duma história que me é conhecida através da minha família. Irei então começar por escrever sobre Abílio Ferreira e Maria do Carmo Dias, meus bisavós maternos, avós da minha mãe Deolinda Ferreira; emigrantes para o Brasil em finais do século XIX.
Partem para o Brasil no dia do seu casamento. Diz a minha mãe: “Aquilo é que era um homem de ideias fixas, pegou na minha avó no dia do próprio casamento e abalaram para o Brasil, para lutar pela vida”. De facto assim foi, em meados do ano de 1897. Lá trabalharam os dois, para concretizarem os objectivos por eles definidos. Tiveram 5 filhos. Mas contam os mais recentes e que eu conheci, tal como a minha Tia Carmo, irmã da Maria do Carmo Dias (as duas irmãs com o mesmo nome talvez se deva ao facto de serem os padrinhos a escolher os nomes. Daí que a minha tia Carmo que eu ainda conheci era chamada de Carma), que o trabalho deu cabo da sua saúde, e que foi isso que os levou mais cedo desta vida. Regressam ao fim de alguns anos, com os seus cinco filhos, sendo que a minha Avó Lívia era a mais nova. Com seis anos de idade chega a Portugal, e foi nesse mesmo dia guardar o gado para o monte. Contava ela que passou o dia a chamar pelo pai. Aqui tiveram mais duas Filhas: as minhas tias Glória , e Rosalina.
Contam as pessoas que era um homem muito lutador e de poucas falas, embora de uma grande educação e respeitador. Trabalhou muito na aldeia no cultivo das terras que já tinham, adquirindo outras. Conta a minha mãe, que num local chamado Beloutão; um conjunto de terras que existem junto á estrada principal, que nos leva dali para outros sítios, tal como Castro Daire, ele cismou que naquelas terras havia água para extrair e poder então realizar o seu sonho - cultivar e fazer daquelas terras, grande parte do sustento da família. Assim, andou durante uma semana a escavar a terra com uma picareta, construindo uma mina, para que de lá saísse o tal precioso líquido que faz andar o mundo. Ao fim desse tempo, desiludido e quase a desistir assim voltou a casa pensativo. Achava ele que já não havia grandes possibilidades e que talvez se tivesse enganado. (Um facto curioso, é que naquele tempo nem todos tinham acesso à educação sendo que o analfabetismo era um factor forte para que as possibilidades de ascensão a outros trabalhos lhes fosse negado. No entanto mas este Homem sabia ler e escrever, muito bom em matemática, sendo isso que o levou a ser promovido no emprego que teve como emigrante no Brasil). Contudo e voltando à mina…No dia seguinte, teve uma grande surpresa. A água jorrou durante a noite e alagou tudo levando terra e pedras, tal a sua força. Conta a minha mãe que ele todos os dias ia para aquele local trabalhar, pois dali, retirava muito da sustento da sua casa, desde a fruta, a legumes, a vinho, a cereais e até azeite.
Também esta sua neta, minha mãe apesar de ter sido migrante em Lisboa, ficou com este gosto e encontra-se reformada e viver em Moção. Também ela, todos os dias lhe apetece ir por aquelas terras. Plantou até mais oliveiras e arranjou forma com os outros herdeiros, de se construir um tanque para depósito das águas que tanto esforço deram para sair das entranhas da terra.
Contam as pessoas que era um homem muito lutador e de poucas falas, embora de uma grande educação e respeitador. Trabalhou muito na aldeia no cultivo das terras que já tinham, adquirindo outras. Conta a minha mãe, que num local chamado Beloutão; um conjunto de terras que existem junto á estrada principal, que nos leva dali para outros sítios, tal como Castro Daire, ele cismou que naquelas terras havia água para extrair e poder então realizar o seu sonho - cultivar e fazer daquelas terras, grande parte do sustento da família. Assim, andou durante uma semana a escavar a terra com uma picareta, construindo uma mina, para que de lá saísse o tal precioso líquido que faz andar o mundo. Ao fim desse tempo, desiludido e quase a desistir assim voltou a casa pensativo. Achava ele que já não havia grandes possibilidades e que talvez se tivesse enganado. (Um facto curioso, é que naquele tempo nem todos tinham acesso à educação sendo que o analfabetismo era um factor forte para que as possibilidades de ascensão a outros trabalhos lhes fosse negado. No entanto mas este Homem sabia ler e escrever, muito bom em matemática, sendo isso que o levou a ser promovido no emprego que teve como emigrante no Brasil). Contudo e voltando à mina…No dia seguinte, teve uma grande surpresa. A água jorrou durante a noite e alagou tudo levando terra e pedras, tal a sua força. Conta a minha mãe que ele todos os dias ia para aquele local trabalhar, pois dali, retirava muito da sustento da sua casa, desde a fruta, a legumes, a vinho, a cereais e até azeite.
Também esta sua neta, minha mãe apesar de ter sido migrante em Lisboa, ficou com este gosto e encontra-se reformada e viver em Moção. Também ela, todos os dias lhe apetece ir por aquelas terras. Plantou até mais oliveiras e arranjou forma com os outros herdeiros, de se construir um tanque para depósito das águas que tanto esforço deram para sair das entranhas da terra.
1 comentário:
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É enaltecer...
Neste casso
É...
Agradecer,
De forma
Notória,
Uma linda
E Movimentada
História!
Comentar...
É...
Fazer perdurar
Esses
Bons e maus bocados,
Muito iguais
Ou
Parecidos...
Doutros locais
Que,
Como disse,
Eternizam quem
Os viveu
E
Enaltecem
Quem
Os escreveu!
Obrigada pela contagem dum tempo passado.. para lembrar o futuro...
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