Colheita tardia
Foi há sete anos, mas podia ser em qualquer ano, em qualquer lugar, onde tudo se colhe, quando plantado em terra fértil.
Nem tudo se semeia com a mesma convicção.
Nem tudo se consome com a mesma atitude, nem mesmo a que só a razão conhece.
Nem tudo se adequa ao meio onde uns vivem e outros sobrevivem.
Nem tudo se verga mesmo quando chega o verão. As águas sabem todos os caminhos.
Nem tudo se rega com a mesma devoção, com que se benzem em dias de festa, ou nos dias da missa, e dos pregões.
Nem tudo se vislumbra num horizonte quebrado. Há horizontes onde o numero 7 é o centro para alguns momentos de meditação.
Nem todos os gestos trazem consigo os estigmas de um passado…passado, já que o presente sente e pressente algum tempo ainda em falta.
Nem todos querem chegar aos mesmos lugares; uns são mais altos do que outros; uns são mais pobres do que outros; uns são mais dignos de atenção, e ainda os outros, cujos olhos engordam só com algumas côdeas de pão nas mãos dos pobres.
Quando as sementes apodrecem nas mãos, os dedos crescem e apontam rostos vadios na escuridão.
Foi há sete anos, e o número sete é um número bom.
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