sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Do livro "Prometo Voltar" de Jorge Ribas

Um romance com poesia dentro. A descoberta de um Poeta.
Do livro “Prometo Voltar” de Jorge Ribas
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“Neste leito despido de ti, tentei decifrar a saudade
mas adormeci e sonhei no teu colo sem respostas.
Ao acordar ela estava ali. Teimosa, invisível e sofredora,
sempre persistente, aumentando a sede de a não ter.

Não sinto falta de ti, sinto a tua falta.
Não sinto falta do Rio, sinto a falta da Paiva,
no feminino, para me refrescar o corpo,
húmido e exausto, para te voltar a ter.

Tenho sede de montanhas, também no feminino.
Aqui os montes são masculinos. Rijos, sérios e inabaláveis.
Eu quero montanhas de cumes em forma de seios,
meigos e generosos, para amamentar a minha saudade.

Saudade que não esmorece e me arrepia,
da terra que pisei, levemente para não doer.
Ela, claro, aquela que me suja as mãos de pureza tamanha
e me purifica em barrela límpida de recordações.

Os lugares que amo, aqueles que adormecem comigo,
o ventre da minha terra, o que moldou as rugas que amo.
O refúgio das minhas angústias, o lar dos meus pensamentos,
o meu ser, o meu guião, o repouso da minha alma.

Oh ternurento lar da minha dourada infância,
da minha imaculada família de cheiro a verdade.
Só tu és minha, de tantas terras infiéis.
Meu doce chão, eterna terra do meu ser e do meu sonhar.

Nada possuo, nada tenho, mas essa terra é minha.
As dos outros não são minhas, não me querem e não me esperam.
Não sou de nenhum lado, mas sinto uma força pródiga
de um lar que me chama e me perdoa pelo abandono.”

Autoria de:Jorge Ribas

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