De novo em Lisboa, com memórias acesas pelas ruas. Os que antes eram "miseráveis livros", agora são "lastimáveis livros", os meus livros, avaliados sob forma de anonimato. Será um pseudônimo, pseudo poderoso, ou pseudo-poeta, ou somente alguém com medo?
Coitados dos livros, que lamentavelmente, se abrem aos olhos de uma cegueira maldita, ainda sem ensaios, sob o poder de um jugo amaldiçoado.
Coitados dos riscos nas paredes de xisto, aínda à espera, para uma tertúlia bem ao jeito de orações na capela.
Esta é a forma bizarra, nunca escrita em livros de cabeceira, por minha vontade. A minha vontade não conta. Sou só um livro de alguém da terra, até chegar a tinta da caneta, para passar a escrever outras vontades, expressão da minha memória, ainda que sejam utilizados para taparem boeiros de poças, cheias de água que deverá ser de todos.
Ameaçada sob pena de julgamento no banco dos réus, e ao que parece, a liberdade está também prestes a entrar pelo cano. Querem calar a minha boca.
Quando eu estiver no banco dos réus, irá revelar-se o óbvio, ou somente o valor da água destes tantos anos, enclausurada?
E não é que me veio agora à memória outro facto não menos importante, julgado e condenado por um crime, sem provas, ainda hoje anunciadas?
Dakini
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