Onde nem os lobos Uivam
Na Casa de Cima, onde todos devíamos ser livres de nos exprimir, e de nos ajoelharmos para beber nas nascentes de água, que se encontram amarradas ao tempo de um feudalismo arcaico, e esperam ser libertadas, após anos e anos, de cláusura.
Escravos dos tempos modernos, são agora, todos os sem Terras semeadas e regadas.
E porque nem tudo é o que julgamos ser, sequer a liberdade, através da qual nos é dado o boletim de voto, votamos branco, não vá o diabo tecê-las, no presente testemunho deste enredo.
A liberdade ainda não deve ter passado por aqui, e nem a água é corrente que passe livremente pelos regos, onde os nossos antepassados caminhavam descalços.
Agora, desprezado é o caminho, tal como o idoso que, somadas as pegadas que deu, ainda esperam para o seguir na sua última viagem. E espera-se e desespera-se que estando ele com os pés para a cova, uma nascente de água nasça nos seus olhos, secos agora de lágrimas correntes, baldias.
Agora, a liberdade é uma página em branco de um livro, onde se pode colar a palavra, Anarquia.
Agora, a poesia é tao presumível, como uma corrente vadia, à excepção dos versos com rimas, leitura breve de cabeceira a contar os trocos que renderam tais façanhas da alma, ainda à espera do poema sentido. Os poetas já não bebem, nem da nascente baldia, porque sendo tudo anárquico na leitura da verdade ou da mentira, os livros caminham lado a lado, numa fogueira de orgias virgens, ainda sem destino marcado.
Por onde andas liberdade, através da palavra de ordem natural e digna de matar a sede à justiça?
Preciso levar a água ao moinho, como sempre foi, pelo rego das levadas, agora desprovidas do que é e sempre foi seu por direito de partilhas e usos e costumes de um povo.
Por onde andará a liberdade agora aprisionada nos tojos e nas carquejas de um pedaço de serra, onde nem os lobos Uivam?
Por onde andas Justiça, com a água que é de todos?
Onix.dm
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