Solidão das Luzes
Perco-me entre muito do que penso, sinto, e há vezes, que de mim me afasto. Não posso, não quero, não me devo nada e nem o caminho. Devo, sim, andar!
Andar de mãos dadas e dar-me por fim, ao fim.
Tenho, às vezes, cá dentro, alguém que me grita de um lugar que não conheço, mas, acabo sempre por voltar a ser eu na origem, sentindo a dor dos lugares de ontem.
Percorrida a enorme estrada, sentida a imensa partilha do nada, parto com tudo o que me afasta dos inúmeros negrumes constituídos à força de um desejo maior.
Desejo fomentado pela razão dos equívocos que vestem ainda os corpos.
Corpos que nunca vão nus pela vida, e se repetem em linguagens amorfas.
(Desvinculados, mas iguais no sono, não sonham)
Dormem somente o sono que desenharam nos olhos, uns dos outros.
Vivem o sonho tripartido. Vivem e morrem entre um sorriso que lhes ficará para sempre na memória.
(E a memória é curta na maior viagem tão longa)
Perco-me em agonias, em lamentos, em lágrimas...
Descoloridos os olhos, regresso ao meu sono de sempre na solidão das Luzes.
Só como sempre fui, subirei ao ponto mais alto da noite e aplaudirei de pé a longínqua paisagem murada.
A única viagem mais curta a um passo daqui, e eu vingarei o dia que foi passado, presente e futuro, mas sem noite que o ilumine junto das estrelas.
Clara como a água é a madrugada. Cai a chuva num pingar dúbio sobre a luz reflectida na janela, porém, inúteis os momentos que nos levam à rua quando a chuva cai, ao regressarmos, sem bebermos, pelo menos uma gota dessa dádiva dos céus.
Perco-me entre todas as vontades e durmo.
Durmo, enquanto te procuras por caminhos certos de passagens comuns, de fácil acesso aos lugares.
Onix. (dm)
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