sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O Mês de Agosto



O mês de Agosto é um mês quente por natureza. A natureza, é também uma forte presença nas aldeias da Beira Alta, Em Castro Daire, quer pelo amanho, das terras, quer pela azáfama que se sente na conservação a manutenção das mesmas, sempre que por aqui venho passar algum tempo das minhas férias.

É a rega dos campos de milho, das hortas, das árvores que entretanto se plantaram, enfim de tudo o que precisam para sobreviver. A água é um bem precioso que abunda cada vez em menos quantidade e que leva a que muitas destas pessoas, não descansem para as ir buscar e encaminhar para reservatórios. Há os sinais para seguir; as horas que têm direito a ela, o nascer da estrela, o por da estrela e assim vão andando e por vezes desandando, porque os antigos foram-se e os resistentes, nem sempre estão atentos ao passado que foi um registo das várias águas das nascentes.

Ao fim do dia em conversa, o assunto “água” vem sempre à baila. Ou porque alguém a virou antes da hora prevista, ou porque os reservatórios já não são suficientes para a guardar. A realidade destas gentes , é agora cada vez mais escassa, quanto os anos que vão passando, e a força já não é o que era.

O vento neste mês de Agosto é outro assunto do dia. De noite ele sopra forte, tão forte que deixa todos em sobressalto, quando chegam às terras e se deparam com as culturas destruídas.
- O vento soprou forte esta noite, tão forte que nem me deixou dormir.
disse eu no dia seguinte.
Resposta da minha mãe muito certa do que estava a dizer.
- Já dizia a tua avó Livia, que o vento só se poderia considerar-se forte quando desse três estoiros. E esta noite foi só uma amostra.
Resposta do Domingos
- Pois, pois. Mas quando ele vem forte faz estragos nas terras e muitos. Um ano quando cheguei ao Campo Longo, não havia nada a colher do milho. Todo estendido no chão.
Mas agora com a decisão de povoarem o monte com os javalis, é outra praga que temos por aqui. E pior não se podem matar. Entram e é um ver se te avias. São uma praga pior do que o vento.

1 comentário:

Adelino Pereira disse...

Comentar o que a poetiza escreve, mesmo quando sejam linhas em prosa, é ernaltecer o deixar-se levar pela sua sombra, para ir "matar" saudades dum tempo que apenas serve para recordar.
Bela descrição. Lindo o seu trabalho.