sexta-feira, 30 de setembro de 2016

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Opinião de um leitor ao livro "Simbioses Montemuranas"

Filipe Campos Melo escreveu:

Sobre o teu livro, que acabei de ler, e como prometido, umas breves notas:

Entrei na leitura sem ideias pré-concebidas, excepto a noção de que gosto sempre de te ler.
Ainda assim, o registo do livro surpreendeu-me.
É sempre difícil de catalogar um texto (pois todos os padrões são imperfeitos), mas talvez dissesse que é um registo histórico (simultaneamente biográfico - tu, tua família e suas inserções no local – e documental – a terra, a cultura, as “estórias”).
Mesmo sabendo das tuas diversas incursões escritas anteriores (e de seus diversos registos - poesia, reflexões, etc), não estava á espera do que fui encontrar (culpa minha) e, por isso, num primeiro momento estranhei o registo.
Depois, leitura adentro, tudo começou a fazer sentido, em especial quando integrado este livro com o “Uivam os Lobos” que é talvez – um pouco – a versão poética deste teu livro.
Talvez escrevê-lo tinha sido uma necessidade (tua).
Como livro histórico e documental está interessante e conseguido.
Descreves e exploras a cultura e hábitos de uma determinada região, aqui e ali romanceando (como é o caso da história do “João Fernandes” que atravessa todo o livro), aqui e ali com um registo muito íntimo e biográfico (tuas impressões e sensações, que não resistes a “poemar” – e ainda bem).
Nota-se um evidente e meritório esforço de investigação e documentação da tua parte (percebe-se que recolheste testemunhos e revisitaste locais).
Nota-se também a tua especial sensibilidade, quer em alguns textos específicos, quer no tom do
minante (sensibilidade que sempre expressas, de forma particular, na tua poesia).
Tive pena que não explorasses mais a perspectiva da Avó que aguarda o regresso do marido emigrado há muito tempo (seus medos, esperanças e expectativas). Acho que dava, por si só, um belo conto.
Presumo que a estruturação da “narrativa” não tenha sido fácil dada a pluralidade de aspectos que, se percebe, quiseste integrar (a escolha das “estações do ano”, como forma de divisão do texto, foi uma boa solução).
Ainda assim, às vezes, como leitor, senti que me perdia um pouco nessa estruturação (também não sei quanto tempo demoraste a compor o texto - suponho largos meses), mas compreendo que a emoção e vertigem das múltiplas ideias que quiseste incorporar fosse uma limitação.
A revisão e edição gráfica do texto também não me pareceu absolutamente perfeita (problema recorrente destas “editoras”, que nunca ajudam).
Mas, em geral, o texto lê-se bem e de forma agradável.

Em conclusão, estás de parabéns por mais esta tua incursão, tens uma escrita que é sempre cativante.
Tenho a certeza, para quem vive na região, o livro é muito especial.
E que, também para ti, este livro é marcante e essencial, pois é um texto que se sente muito visceral, autêntico e íntimo.
Eu gostei de ler, gosto sempre de encontrar tua escrita.

Filipe Campos Melo

Uma opinião sobre o lIvro "Simbioses Montemuranas"

As opiniões sobre o que escrevemos, de pessoas que admiramos. são sempre um afago na nossa alma, além de nos ajudarem a melhorar.
Mais um leitor, ao livro “Simbioses Montemuranas” de Dolores Marques.

Alberto Moreira Ferreira, Poeta.

Fiquei de dar-te a minha opinião sobre o teu livro e, pronto... já o li. Primeiro, e entre aspas, devo dizer-te que já não pegava num livro para ler há algum tempo. Por isso até estou meio admirado comigo, meio, meio chega!

Adorei ler "Simbioses Montemuranas". Durante a leitura fui muitas vezes assaltado por imagens saídas das palavras que me remetem para o período do meu crescimento, que também se deu num lugar de gentes do campo, onde o mato, as terras de cultivo e baldios eram paisagens constantes. Foi a que tivemos durante muitos anos naquele lugar, hoje bastante mudado, quase irreconhecível. 
Dei particular atenção à história do João Ladrão, um “ladrão” que a vida fez com algum carácter. Naquele tempo ainda tinham algum carácter, é verdade! Achei curioso porque ele roubava sobretudo a quem tinha, e além de ajudar um ou outro lá da terra, também não retirava aos que de alguma forma o ajudavam. 

Naquela altura, e mesmo hoje em dia, a vida pode ser muito mas muito dura. Pois... por vezes o berço também não ajuda... enfim.

Adorei rever palavras da época, ainda utilizadas nalguns locais, digamos rurais, como almude... o meu avô pedia sempre um quartilho de tinto. rs. O livro tem uma linguagem fluente, penso que bem conseguida, fluente, algo poética e agradável, bem ao estilo da minha amiga.
Este livro deu-me também a conhecer um pouco mais de ti. Tem fotos maravilhosas. Eu que sou uma pessoa de outra geração, criada entre o campo e a cidade, meio metropolitano, tenho uma admiração por imagens daquelas épocas. 
Depois, há algo de misterioso naquelas terras... portuguesas.
Sabes que eu critico muito o meu país mas amo-o. Enfim, continuamos a ter um país sem cabeça, e ainda por cima tem um coração que o f….desculpa.
Quero dar-te os parabéns esperando que nos contemples com mais obras, mais livros... ah... quase me esquecia dos poemas que o “Simbioses Montemuranas” tem, maravilhosos. 
Obrigado Dolores.
Um abraço
Alberto Moreira Ferreira

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Sobre Simbioses Montemuranas, o Livro

Sobre o teu livro, que acabei de ler, e como prometido, umas breves notas:

Entrei na leitura sem ideias pré-concebidas, excepto a noção de que gosto sempre de te ler.
Ainda assim, o registo do livro surpreendeu-me.
É sempre difícil de catalogar um texto (pois todos os padrões são imperfeitos), mas talvez dissesse que é um registo histórico (simultaneamente biográfico - tu, tua família e suas inserções no local – e documental – a terra, a cultura, as “estórias”).
Mesmo sabendo das tuas diversas incursões escritas anteriores (e de seus diversos registos - poesia, reflexões, etc), não estava á espera do que fui encontrar (culpa minha) e, por isso, num primeiro momento estranhei o registo.
Depois, leitura adentro, tudo começou a fazer sentido, em especial quando integrado este livro com o “Uivam os Lobos” que é talvez – um pouco – a versão poética deste teu livro.
Talvez escrevê-lo tinha sido uma necessidade (tua).
Como livro histórico e documental está interessante e conseguido.
Descreves e exploras a cultura e hábitos de uma determinada região, aqui e ali romanceando (como é o caso da história do “João Fernandes” que atravessa todo o livro), aqui e ali com um registo muito íntimo e biográfico (tuas impressões e sensações, que não resistes a “poemar” – e ainda bem).
Nota-se um evidente e meritório esforço de investigação e documentação da tua parte (percebe-se que recolheste testemunhos e revisitaste locais).
Nota-se também a tua especial sensibilidade, quer em alguns textos específicos, quer no tom do
minante (sensibilidade que sempre expressas, de forma particular, na tua poesia).
Tive pena que não explorasses mais a perspectiva da Avó que aguarda o regresso do marido emigrado há muito tempo (seus medos, esperanças e expectativas). Acho que dava, por si só, um belo conto.
Presumo que a estruturação da “narrativa” não tenha sido fácil dada a pluralidade de aspectos que, se percebe, quiseste integrar (a escolha das “estações do ano”, como forma de divisão do texto, foi uma boa solução).
Ainda assim, às vezes, como leitor, senti que me perdia um pouco nessa estruturação (também não sei quanto tempo demoraste a compor o texto - suponho largos meses), mas compreendo que a emoção e vertigem das múltiplas ideias que quiseste incorporar fosse uma limitação.
A revisão e edição gráfica do texto também não me pareceu absolutamente perfeita (problema recorrente destas “editoras”, que nunca ajudam).
Mas, em geral, o texto lê-se bem e de forma agradável.

Em conclusão, estás de parabéns por mais esta tua incursão, tens uma escrita que é sempre cativante.
Tenho a certeza, para quem vive na região, o livro é muito especial.
E que, também para ti, este livro é marcante e essencial, pois é um texto que se sente muito visceral, autêntico e íntimo.
Eu gostei de ler, gosto sempre de encontrar tua escrita.

Filipe Campos Melo