quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Simplesmente Arte (David Ferreira)




David Monteiro da Silva, Nascido 3 de Junho de 1934, na Aldeia da Relva, freguesia das Monteiras concelho de Castro Daire. Casado com Maria Leonida Dias Moreira com quem teve 2 filhos. Adelino e Joaquina Silva. Tem várias paixões que lhe conferem um estilo muito próprio, o de um homem que vive em plenitude rodeado pela natureza e por tudo o que ela oferece. Homem tipicamente serrano, gosta de cantar o fado à desgarrada, fez parte durante cerca de 15 anos do rancho folclórico da Relva. Ainda hoje, ele os seus companheiros, alguns do serviço militar, marcam uma desgarrada todos os anos em Agosto, a qual tem a duração de um dia e parte da noite. Migrou para Lisboa, onde viveu alguns anos mas é neste local onde cresceu e se fez homem, rodeado, pela montanha, trabalhando a terra e fazendo pastorícia, que se encontra actualmente. Nos tempos livres faz recolha de algum material que a paisagem lhe oferece, para esculpir as suas peças. Este local é forte pela predominância do granito e madeira, contudo tem algumas peças esculpidas, onde o material utilizado é a pedra hitongo, que um amigo faz questão de lhe trazer de fora.





O tema predominante nas suas peças é baseado na arte sacra, e isso é devido á influência religiosa, da Igreja Católica a que as gentes destas terras sempre estiveram sujeitas. Assim, em vários locais da aldeia, encontramos algumas esculturas, como; Matosinhos, são João Baptista, St António, Sagrada Familia, São José, Santa Quitéria, Senhora da ouvida e Sagrado Coração de Maria.




Nascido e criado neste ambiente serrano, a sua arte apresenta, algumas figuras características da serra, assim como instrumentos de trabalho, e instrumentos musicais.
(D. Leonida, fez questão de nos presentar a com uma peça muito característica das aldeias serranas; A capucha, uma peça de vestuário que serve ainda nos dias de hoje, para proteger do frio. É feita de burel, ou seja de lã de ovelha, fiada e tecida no tear – um outro tipo de arte artesanal, saída das mãos da mulher).








A Senhora da Ouvida peça que ele tem em vários registos, é uma Santa muito visitada principalmente no dia da Feira anual, onde se realiza a missa e se desfila o andor à volta da capela. Este é um local muito próximo da sua aldeia.



A primeira peça que esculpiu, foi em Lisboa, local onde iniciou a sua arte quando por lá viveu, mas as influências tinha-as adquirido aqui, na sua aldeia. Enquanto jovem construía pequenas peças, mas sem lhes atribuir grande valor, a não ser aquele que ele próprio atribuía, por se tratar de afirmar a sua verdadeira paixão pela Leonida, hoje sua esposa. Os seus encontros para se tornarem mais fáceis no que toca à acessibilidade do local, David construía aviões, que segundo ele eram maquetas que iriam servir para construir pequenas avionetas para que a sua amada pudesse chegar perto dele o mais rápido possível. Leonida, sorri mas com um brilho no olhar pela constatação ainda hoje de um sentimento nobre que a conquistou e a conduziu até ele.
É quando regressa de Lisboa definitivamente, que a sua arte se desenvolve através da recolha de material que vai esculpindo para ocupar os tempos mortos entre o granjear da terra e a pastorícia.



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Nota: Lamentavelmente as entidades competentes em Castro Daire, ainda nada fizeram para mostrar o seu trabalho ao publico em geral. Uma demonstração do seu trabalho no Museu seria o ideal para dar assim a conhecer a grandeza e a boa vontade deste homem simples, trabalhador da terra e buscando sempre novos horizontes

Não te sei



Sei-te com dor
Mas não te sei perto
Nem longe
Não te sei!

Nem me consigo lembrar
Da cor dos teus olhos
Quando choras
E deixas cair uma só lágrima
Nas minhas mãos vazias

Esta lonjura imensa
Este degredo
Em que m’encontro

Não sei como subir
Ao alto da serra
E gritar
Simplesmente gritar
O teu nome
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Dolores Marques


Homenagem a David Ferreira (escultor da aldeia da Relva em castro Daire), que se encontra gravemente doente

terça-feira, 23 de agosto de 2011



Algumas imagens de um local que me ensina a respirar. (Serra de Montemuro)














A aridez destes lugares despertam-nos para outros mundos, onde as formas se apresentam de uma forma invulgar, talvez com uma certa altivez, que me faz sentir que tudo é assim porque tem que ser, tudo se compõe atravé...s de uma brisa, ora leve e suave, ora repentina e espalhafatosa como que a dizer; aqui o céu é mais azul apesar da neblina que se avista ao longe, tal a distância que nossos olhos alcancam rumo a novas descobertas, onde o olhar é mais genuíno e verdadeiro. Aqui é um lugar para se aprender ou reaprender a viver, ou talvez mas tão só, SER.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Os Resistentes (Cont)







O meu primo João e a esposa Aida, pertencem ao grupo dos resistentes que aqui se mantém, quer trabalhando a terra quer na reconstrução das casas antigas. Esta é uma casa com cerca de 200 anos, que pertenceu a minha avó Livia e faz parte do património de meus pais. A casa onde nasci. Ao chegar perto, deparei-me com uma mulher que segundo me disse a minha mãe, faz de tudo, até ajudar na construção. Uma mulher elegante, e bonita, cabelo longo e escuro que se vê soltar-se por debaixo do boné. As telhas saltavam das suas mãos e os seus passos tão ligeiros, e muito mais do que a minha objectiva, para lhe captar os movimentos. Quando olho este casal, fico feliz por saber que se mantém firmes e dedicados à terra onde nasceram. Aqui sobrevivem nesta aridez e sem baixarem os braços dignamente se revezam nos revezes que a vida tem.