quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Névoas

Lá para os lados de Reriz, a serra assume um colorido esbranquiçado. Ao longe quase se pode sentir esta leveza a cobrir-se de pérolas que quase se veem a rebolar pelas encostas, indo mergulhar nas águas do Paiva. As gentes que ainda habitam estes lugares falam a linguagem maternal, condizente com a sua atitude perante a natureza a bailar nas suas palavras. È muitas das vezes, não um ponto de passagem, mas um ponto de paragem para tantas outras vozes, ruidosas e cavernosas.


Trabalham a terra à moda antiga e vivem no meio das montanhas. Os cumprimentos habituais, a azáfama do costume, a rega que é precisa:

- Os milhitos, coitadinhos que tanta sede têm" diz a tia Dulce. A minha mãe acena com a cabeça que as névoas lá ao longe, são um aviso de que o vento de cima vem aí talvez esta noite.

- Esperamos que não seja nada, mas que ele vem, vem. Assim nos despedimos, sem mais a dizer, com um "até manhã se Deus quiser".


De facto quando me fui deitar, já se ouvia o uivo característico do vento do Norte. Um eco a embalar-me o sono, com o qual adormeci até de manhã bem cedo, quando os guizos do rebanho do Carlindo me despertaram para o nascer do sol que estava prestes a acontecer.







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